A Sociedade é um conjunto de Famílias, que são a sua mais pequena parcela! Família e Sociedade estão intrinsecamente unidas. As dificuldades ou sucessos de uma provém sempre da outra.
Ainda é muito recente a luta contra a supremacia exagerada do rico sobre o pobre e da humilhação da mulher perante o homem, mas desde sempre houve homens e mulheres que se distinguiram pelos seus dotes especiais de amor ao trabalho, desprendimento, dedicação, caridade e amor ao próximo.
As pessoas mais cultas, naturalmente, têm mais possibilidades de se debruçar sobre si mesmas e de se autodescobrirem e evoluírem no seu modo de pensar, de ser e estar, ou seja, para viverem melhor a espiritualidade. O aparecimento e generalização dos cursos superiores trouxe mais cultura à sociedade, mas o anseio do crescer mais no nível de vida levou os homens e as mulheres a colocar de parte a sua espiritualidade que, essa sim, os faria mais livres, responsáveis e melhores pessoas.
A nível de espiritualidade temos muito caminho a percorrer. E em vez de nos queixarmos do mal-estar sofrido, se cada um de nós olhar e verificar bem dentro de si o que poderá fazer de melhor, as crises serão diluídas ou mesmo acabadas. Mas, só de um pouco antes do Concílio Vaticano II está a chegar seriamente aos leigos a necessidade e forma de poder ter uma vida de espiritualidade profunda, vivida por tantas pessoas há tantos milhares de anos, e que Jesus Cristo nos veio exemplificar e propor.
Até a esse Concílio, nem sequer o estado civil de casado era visto como propício a uma vida de espiritualidade e consequente santidade. Só os padres, monges ou freiras poderiam ser pessoas no caminho da santidade através de uma vida de estudo da Palavra de Deus, de oração, caridade, doação e amor. Mas o Concílio Vaticano II, valorizando a ação dos leigos na Igreja e no mundo, veio dizer-nos: que a santidade é para todos, consagrados e leigos; que as vocações consagradas são urgentes e necessárias para formar a Hierarquia da Igreja e organizar o seu apostolado, pois tem de ter pastores e pessoas dedicadas ao seu serviço para uma melhor intensificação, orientação e realização de atividades; mas que é urgente também que se compreenda e valorize a vocação matrimonial, porque é dela que saem todas as pessoas, tanto os celibatários como os pais de família, pois é da Família que saem todos os membros da sociedade.
As crises sociais não podem ser resolvidas pela Escola, Governo, Igreja, Professores, Padres, Freiras, Catequistas, ou seja quem for… isoladamente, mas pelo esforço de todos unidos a Jesus Cristo, cabeça e tronco de todos os homens de boa vontade.
O homem é um ser em relação. A família, "comunidade natural fundada no matrimónio, que a Igreja sempre apresentou como lugar de encontro relacional, de enriquecimento mútuo e de pacto entre gerações", onde as crianças crescem, são educadas, adquirem os valores fundamentais da solidariedade, da responsabilidade e compromisso mútuos, tem que ser mais do que trabalho. O trabalho, feito com amor, faz parte do crescimento e realização da pessoa humana, pois é com ele que ganha o necessário à vida, e onde não há dinheiro (pão) suficiente não pode haver sossego, mas crises, conflitos e falta de equilíbrio familiar. Todavia, tem que haver tempos reservados ao descanso que geram comunhão e coesão familiar. Cada membro da Família tem de ter compreensão de si mesmo e do seu próprio bem-estar, e conhecimento e aceitação do cônjuge, filhos, família alargada, e das pessoas com quem convive no seu meio ambiente natural.
Urge
realçar a vivência do verdadeiro amor, a raiz e base fundamental de qualquer
família, e ajudar os homens e mulheres a reestruturar as famílias, pois é a
maneira mais eficiente de garantir uma sociedade estável e solidária.