segunda-feira, 24 de novembro de 2008

"AMOR... É LIBERDADE "

Na luta constante da vida, sem tempo para parar, nem sequer nos apercebemos da grande importância dessa mesma vida, para nós mesmos, e para o nosso semelhante. É por isso que chateamos tanto os outros e nos auto-destruímos constantemente com arrelias e nervosismos inconcebíveis a quem dá à vida o seu verdadeiro valor.
Para chegar a esta conclusão, como qualquer ser humano normal "do meu tempo", tive que percorrer um longo caminho e de me debruçar seriamente sobre o tempo passado e o tempo presente; este, que se pode considerar uma fase de transição, pois nota-se que a sociedade está a operar uma mudança de comportamento constante. Espero bem que a escola da vida, com a grande sabedoria que nos traz, sacuda duma forma especial o coração de cada um para que tudo possa ficar diferente com a maior rapidez. Então acontecerá que, o que dantes nos era muito difícil, fará parte de nós mesmos, e será tão natural como dormir e acordar. Esta linguagem pode ser descabida, mas com uma breve exemplificação, veremos que não é.
Na época em que fui criada, pregavam-se muitos valores humanos, mas, pelo que a vida me ensinou... havia muito poucos. Os ricaços, normalmente, possuíam muitas terras que, salvo raras e boas excepções, eram cultivadas por pobres mal pagos para quem a luta pela sobrevivência era deveras penosa. O rico e o pobre, na generalidade, não se consideravam "irmãos", mas um tinha supremacia sobre o outro: nuns criavam-se hábitos de mandar e ser arrogante para conseguir dominar os trabalhadores e ser respeitado; noutros, a obediência e submissão sem limites eram necessárias para angariar os meios de subsistência, eram mesmo a única forma de salvação pessoal e da família. E os que não tinham idade ou saúde para trabalhar, a viver da caridade alheia, sem instituição alguma nem nada que os protegesse... não é dificil imaginar o quanto sofrimento e dor. Socialmente, valia quem tinha... terras ou dinheiro. Os restantes, podiam ser "grandes cabeças" e "grandes homens", mas a falta de berço não os deixava chegar a lado nenhum, pois era difícil alguém reconhecer-lhe o valor. É de recordar que o regime de ditadura em que se vivia favorecia toda esta estratégia de vida.
A palavra liberdade estava banida do vocabulário e, mais ainda, da maneira de viver. Os "senhores", na sua maioria, eram escravos dos seus comportamentos desumanos; os trabalhadores, obedecendo por necessidade e quase sempre com muita revolta contra a sua precária situação, que poderiam pensar?!... Que triste forma de vida!... Onde estaria a liberdade deste povo?!...
Actualmente, não se pode dizer que tudo mudou, mas que tudo vai mudando, devagarinho. Continua a haver diferenças sociais, sempre as houve e sempre as haverá... mas, pelo menos, tenta-se que a verdadeira educação assente na compreensão e aceitação mútua de cada qual como é, com os seus defeitos e qualidades, com a sua abundância ou necessidade... e, muito embora precariamente, vão-se dando oportunidades de serem reconhecidos os dotes morais e intelectuais de cada um, venham de que estrato social vierem, promovendo entre todos um "amor sincero e duradoiro", base de toda a "Liberdade" humana.

Hermínia Nadais
Publicada no Notícias de Cambra

sábado, 15 de novembro de 2008

ESTÁ MAU... NÃO! ESTÁ BOM!

As intempéries da vida actual levam-nos a dizer com a maior naturalidade: “Está mau”!... Sem sombra de dúvida que o que não faltam por aí são asneiras: algumas pessoas podres de ricas... e muitos milhões delas a morrer à fome; umas quantas já bem abastadas atarefadas em engendrar formas de enriquecer mais a qualquer custo... e muitos milhares desgastadas na procura de meios de sobrevivência condigna; umas sem vontade de trabalhar... outras sem ter o que fazer; meia dúzia empoleiradas nos seus gabinetes entretidas no fabrico de leis na maior parte das vezes alheias ao que verdadeiramente se passa no exterior... muitas outras a criticá-las... e quase toda a gente a cumpri-las porque não lhes é dada outra alternativa; os nossos filhos e amigos desterrados por esse mundo fora... e montes de desterrados que se metem por Portugal dentro muitos deles para andarem por aí desempregados e feitos pedintes; vândalos à solta... cidadãos e polícias amedrontados... tribunais a abarrotar; pessoas aposentadas e com um outro emprego... e aumento de desempregadas; as sortudas que conseguiram chegar a cargos de relevo a ganhar milhares de euros... ao lado de salários mínimos miseráveis e certas reformas que mais parecem esmolas!...
Ena!!!... E que estou eu para aqui a dizer?
Mas, a bem da verdade... se fossemos a enumerar tudo quanto nos aflige... cansaríamos as letras, não teríamos palavras, e gastaríamos todas as reservas de tinta! Basta olhar para o que se passa nas Escolas... na Segurança Social... na Saúde!...
Bem! Se olharmos o mundo pela negativa vamos constatar que está tudo numa verdadeira calamidade.
Mas... é melhor não ir por aí... negativismo, não! É melhor não entrar no jogo feio de quase toda a Comunicação Social que faz um alarido enorme à volta de um qualquer acontecimento menos bom... mas fala de raspão ou simplesmente ignora muitas das coisas boas que existem: inumeráveis Movimentos e Associações de Solidariedade Social com iniciativas mais que louváveis; pessoas que passam a maior parte da vida preocupadas em proteger todo o tipo de pobreza; encontros de formação e bem-fazer; festas feitas com muito amor para acariciar desprotegidos... sei lá quantas coisas mais!...
Ui!... Que horror! Afinal, ao recordar o mal eu vejo um montão de coisas erradas... mas quando tento descobrir coisas boas tenho dificuldade em encontrá-las!...
Há dias um amigo aconselhou-me a recordar e escrever todos os dias cinco coisas agradáveis. A princípio foi difícil, agora... já encontro mais de cinco coisas agradáveis por dia!... É que os pensamentos positivos procuram ver o lado bom dos acontecimentos e levam-nos a encontrar situações positivas em nós e nos outros, e, consequentemente, a dizer que “está tudo bom”!...
Preocupar-nos em sermos positivistas será um bom começo para ajudarmos a melhorar o nosso mundo... pois se o “homem sonha, a obra nasce”! Então, mãos à obra!...

Hermínia Nadais
A publicar no Notícias de Cambra

domingo, 9 de novembro de 2008

TESOUROS NA NOSSA EXISTÊNCIA

"Um bom amigo é um tesouro!" Já tivemos oportunidade de aprofundar esta realidade e de ver como temos necessidade de, pelo menos, tentarmos possuir as qualidades de bons amigos, para a harmonia e felicidade de todos. Hoje vou tentar desvendar um pouco do que penso acerca dos tesouros que deve possuir a vida de cada um.
Dotada de corpo e espírito, cada pessoa humana é como que um duplo ser: um, o que se vê claramente e que constitui o seu retrato físico; outro, é o que cada um sente mas que está escondido aos olhos de quem observa, é o que se chama de retrato moral. Então, enquanto uns dão todo o valor ao seu aspecto físico, exterior, tratando-o com todas as implicações que isso acarreta, outros, ao contrário, valorizam mais o cultivo das qualidades interiores que só o sentimento de um coração atento pode desvendar e sentir. Assim sendo, cada um de nós, conforme seus gostos pessoais e as qualidades de que foi dotado pode enriquecer a sua existência com tesouros muito diferentes: uns, temporais, que o tempo desgasta e corrói; outros, morais, que o decorrer da vida torna cada vez mais eficientes e perduram para além da morte. Nos primeiros, podemos incluir a satisfação pessoal através dos bens terrenos que geram a opulência que, normalmente, trata muito bem do aspecto exterior, mas quase sempre leva ao desespero e à insatisfação; nos segundos, incluiremos os que valorizam mais as suas boas acções que, embora muitas vezes sejam ignorados e incompreendidos, fazem gozar de alegria perfeita porque esses valores da vida nada nem ninguém pode roubar, e, quando cultivados a preceito, tendem a ser cada vez maiores.
Agora, pergunto: Onde me situo eu? Onde se situa cada um... nesta vida dupla que, quer queiramos quer não, faz parte de todos nós?... Quais serão os tesouros que valorizamos nesta nossa curta existência sobre a terra? Os tesouros na vida de cada um, existem, embora possam ser tomados em conta de forma igual ou oposta, uma vez que todos os seres são diferentes uns dos outros.
Falando mais uma vez da verdadeira amizade nesta época tão propícia ao seu desabrochar, perante o atrás descrito, não podemos ter ilusões!... A verdadeira amizade, pode ter algum suporte nas nossas riquezas temporais, é um facto, necessitamos de bens para viver, ninguém pode viver sem eles. Mas, se o repartir dessas riquezas não partir da riqueza do coração, o verdadeiro amor que levará à união e paz do mundo nunca chegará a existir.

Hermínia Nadais
Publicado no Notícias de Cambra

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

COMBATE AO STRESS – “90 – 10”

Hoje, levantei à hora habitual... fiz os meus trabalhos habituais... e vim junto do computador para abrir o correio electrónico, o que, neste horário, não é habitual. Mas, nada acontece por acaso!... Há dois dias um amigo enviou-me uma mensagem com um anexo intitulado “90-10”, que me despertou a curiosidade, e como o tempo estava escasso, deixei-o para ocasião mais oportuna. Abri-o agora mesmo, e acho que o devo partilhar. É uma chamada de atenção para o auto-controle como forma de combate ao stress.
A necessidade urgente de treinar cada vez mais o auto-controle para evitar mal-entendidos, mágoas desnecessárias e confusões, já não é novidade para ninguém. Mas eu desconhecia... imaginem... que às coisas inevitáveis que nos acontecem normalmente, ou seja, a um café que um filho ou alguém entorna e nos obriga a ir a correr trocar de roupa na hora de sair ou a ficar sujo na rua, um semáforo que não sai do vermelho, uma fila de trânsito que não desenvolve, uma operação stop que nos obriga a parar, um pneu que fura, uma manobra perigosa que nos prega um susto, uma palavra gesto ou expressão inadequadas que se nos deparam a cada instante... enfim... a toda essa enormidade de situações que normalmente pensamos serem a causa de todos os nossos distúrbios do sistema nervoso... a elas todas juntas... todinhas mesmo... dão apenas somente o valor de “10 numa escala de 1 a 100”!... Assim sendo... ficam os restantes “90 por cento a serem culpa exclusiva da nossa falta de controle”!...
Contra factos, não há argumentos!...
Perante estas percentagens... onde ficam os nossos “egos”... sempre cheios de razões e prontos a despejar todas as culpas dos nossos nervosismos nos outros???...
Sim... nos outros... porque o dizermos aos outros e a nós mesmos que somos nós próprios os quase únicos culpados, não tem piadinha nenhuma... não tem!...
Pensei... e voltei a pensar... de olhos postos na explanação da mensagem recebida! Lembrei todas as minhas formas de actuar... que afinal são as únicas que eu posso reconhecer e ajuizar uma vez que não me é dado penetrar no interior das pessoas que me rodeiam e que são livres e responsáveis pelas suas próprias acções! Lembrei que já não recordo a data em que comecei a tentar a sério fazer um auto-controle das minhas indignações... e recordei ainda as diferenças de relacionamento que essa decisão que tomei implicou nas pessoas que comigo convivem... que me perecem cada vez mais tolerantes, mas na medida em que eu o for com elas... e concluí para mim aceitar as percentagens que, realmente, não devem estar muito erradas!...
Há coisas que acontecem porque acontecem... e muito embora haja sempre uma razão ou culpa para tudo quanto acontece... ao descarregarmos a culpa no presumível culpado ou culpada a única reacção que obteremos dele ou dela será sempre uma revolta desmedida... pois a asneira é sempre feita sem querer, por desconhecer a gravidade da situação ou uma outra coisa qualquer... (não há dúvida de que todos somos peritos em arranjar as mais variadas e convincentes desculpas).
Assim sendo, em vez de recriminarmos... talvez seja muito mais vantajoso para todos solicitarmos calmamente um maior cuidado... pois certamente obteremos resultados bem mais surpreendentes... e sem stress para ninguém!...
Mãos à obra... pelo nosso “90-10”... mas sem nunca desanimar dos avanços e recuos... pois é com eles que nos mantemos em constante aprendizagem nesta maravilhosa escola da vida onde a escalada é difícil! Que haja muito sucesso para todos nós!

Hermínia Nadais
A publicar no Notícias de Cambra