Falar de espiritualidade pode não ser compreensível para a maior parte das pessoas, uma vez que a maior parte das pessoas não vêem a espiritualidade como parte integrante de si mesmas, e por isso, de imediato, ligam o termo a algo de sobrenatural que, ou é favorável e ajuda, ou é desfavorável e estraga tudo, coloca a vida do avesso, de pernas para o ar.
Tendo em atenção estas e outras atitudes que estão muito vulgarizadas, vamos preparar-nos para podermos falar compreensivelmente sobre espiritualidade com uma pequena e muito rudimentar introdução em que vamos tentar analisar-nos a nós mesmos, assim, tal qual nos vemos, tendo em atenção a nossa realidade intrinsecamente temporal. Poderá até parecer uma brincadeira, mas com o tempo veremos que não é.
Então, quem somos nós? Somos… a Maria, o Manel, o Tono, o Quim… que nos apresentamos com um corpo… um corpo alto, baixo, magro, gordo, claro, escuro, com uns contornos muito bem alinhados ou trabalhados um pouco à pressa… com olhos castanhos, azuis, pretos… cabelos fortes, fracos, lisos, encaracolados, eriçados, encarapinhados e castanhos, louros, grisalhos… com pernas altas, baixas, gordas, esguias, mal chambradas ou esbeltas… dedos grossos, finos, compridos, curtos, com unhas muito bem ajeitadinhas ou mal cavacadas… queixo com covinha ou sem ela, orelhas pequeninas ou orelhudas, nariz bicudo ou achatado… pés de quarenta e quatro ou trinta e cinco… e é assim que nos vemos quando nos olhamos ao espelho e que as pessoas com quem convivemos nos vêem e nos conhecem, porque, de facto, somos assim. E cada um de nós é como é, e se não se assume, assim, tal como é, é porque em si algo não está bem.
Quer queiramos ou não, não podemos fugir desta realidade. O nosso corpo, com tudo quanto o compõe, quer gostemos e apreciemos, quer não, é o nosso bilhete de identidade social, é por ele que nos conhecemos e somos conhecidos e conhecidas.
E não dizemos vai ali o espírito da Maria… do Manel… do Tono… do Quim… mas vai ali a Maria, o Manel, o Tono ou o Quim, pois é o corpo que identifica a cada um de nós porque é com ele que marcamos a nossa estadia neste mundo.
E antes de começarmos a falar no algo mais que pertence intimamente a esse corpo, podemos ainda continuar a ver as inumeráveis formas como ele se poderá apresentar publicamente, ou melhor dizendo, como é que nós nos poderemos mostrar publicamente através desse corpo, pois ele, o nosso corpo, pode apresentar-se de muitas maneiras, esta é mais uma realidade que temos que aceitar.
Somos cidadãos do mundo, nascidos num qualquer país de um dos seus continentes… num determinado lugar, cidade ou aldeia… numa família pequena ou grande… rica ou pobre, bem ou mal formada… que é sempre uma ínfima parcela de uma sociedade!
E… por hoje… acho que é melhor ficarmos por aqui… a pensar na maravilha da nossa querida família e também da sociedade que a acolhe! E para que o nosso meio envolvente comece a ser bem melhor, vamos ser muito positivos olhando mais atenta e profundamente as coisas boas que dele podemos tirar.