terça-feira, 19 de abril de 2011

Acordar inesquecível!...




O Sol sorria por entre a ternura dos dias abrilhantados pelas esplendorosas cores primaveris, onde a beleza da paisagem fazia esquecer todos os horrores que, a passos largos, iam esmagando a vida das pessoas, já bastante trémulas e titubeantes.
As incertezas do amanhã esmoreciam o alvorecer, enquanto o planeta continuava a rodar, na sua constante e inconfundível caminhada, disposto a acolher a firmeza de todos os passos mal andados… reanimados pela fortaleza de decisões firmes e inabaláveis que urgia implementar.
A Lua, atenta e vigilante, apercebera-se de todos os problemas da Humanidade e apressara-se a pedir ao Sol uma luz mais forte para lançar sobre a Terra. E foi assim que, com a noite mais iluminada, muitos homens tiveram que deixar de fazer as suas habituais traquinices – que ninguém via… mas toda a gente sentia profundamente nos corpos sofridos e cabeças desesperadas, com braços já sem forças e pernas sem ânimo para enfrentar novas aventuras.
Por escassos momentos… tudo pareceu inerte… um autêntico clima de morte desesperada e fria… o fim!
Inesperadamente, sentiu-se como que o ribombar de um trovão… e uma lufada de ar fresco e reconfortante pareceu encher o Universo e tornar mais vivo e charmoso o verde dos campos e o colorido das flores. Alguns animais, das mais variadas espécies, passeavam pelo vale, calmos e pachorrentos… sob o sobrevoar de bandos de inúmeros pássaros alegres e chilreantes.
Macambúzios e desconfiados… surgindo de todos os lados, foram aparecendo muitos homens e mulheres, bem vestidos/mal vestidos… nutridos/desnutridos… olhando para todos os lados, como que à espera que algo acontecesse. As crianças, descontraídas, saltitavam e brincavam com alegria, sem olhar a sexo, raça, condição ou cor.
Aos poucos… demoradamente… os homens e as mulheres, alternavam o olhar em redor com o olhar sobre si mesmas e o entreolharem-se entre si!... A perplexidade e amargura dos rostos, aos pouquinhos, ia-se tornando mais leve, enquanto os semblantes se iam enchendo de humildade, piedade, solidariedade… e se sentia que os corações começavam de bater mais compassada e ritmadamente, expressando gestos de ternura e carinho, de compreensão, de aceitação, de amor e de paz. Em voo rasante… um pequeno avião ia deixando cair brancas pétalas… de esperança.
Acordou-me… o despertador… e foi-me difícil perceber que toda aquela visão inesquecível, onde ninguém fez nada por ninguém mas todos (cada qual por si mesmo…) fizeram tanto... foi apenas um sonho!
Restou-me a confiança de que, se “o sonho comanda a vida”, é possível que cada pessoa se torne cada vez mais responsável por si mesma para bem de todas os outras.
Para todos, uma Páscoa muito Feliz!

Hermínia Nadais




Publicado no "Notícias de Cambra"

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Homem... humaniza-te!...


Todos temos a certeza de que os homens/mulheres são seres superiores dotados de faculdades muito diferentes de todos os seres criados, com capacidade de se auto-dirigir e de se orientar a si mesmos descobrindo a cada momento novas formas de ser e de viver.

Contudo, grande parte da Humanidade tem-se voltado muito mais para o “ter” do que para o “ser”, facto que deteriora as verdadeiras relações humanas e vai levando o mundo a um caos cada vez maior, com os ricos a querer ficar cada vez mais ricos em detrimento dos pobres que irão ficando cada vez mais pobres.

Em Espiritualidade, temos que ter em conta a grande diferença entre o ser pobre de espírito e o ser materialmente pobre, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Faz tempo… e ainda hoje, nos meios menos desenvolvidos espiritualmente… ser materialmente pobre significava ser amparado e protegido por Deus, o que veio a verificar-se que isso não é verdade, pois há muitos ricos pobres e muitos pobres ricos!

Deus não quer pessoas materialmente pobres, muito pelo contrário, ELE quer que todos tenham o indispensável para uma vida saudável e minimamente feliz.

Ser materialmente muito pobre… ou muito rico, é uma situação contrária à pobreza de espírito que Deus quer de nós e nos vai pedindo a cada momento.

A grande riqueza e a pobreza extrema, normalmente, são inimigas do verdadeiro amor! Quando as pessoas são muito pobres, a sua principal preocupação é a luta pela sobrevivência; quando as pessoas são materialmente muito ricas a sua principal preocupação é a luta pela conservação e aumento das riquezas. E nenhuma desta situações deixa a pessoa livre para amar pensando adequadamente na sua vida interior e na relação consigo mesma, com Deus e com os irmãos, na busca constante do bem-estar para todos.

A vida é uma caminhada… e o caminho faz-se caminhando! Nunca poderemos saber o dia de amanhã! Apenas somos senhores do presente, e é no presente que temos de procurar viver segundo a razão para que fomos criados – o AMOR, a FELICIDADE.

A verdadeira felicidade é o sentirmo-nos bem connosco próprios, com Deus e com o mundo! A verdadeira felicidade brota do nosso interior, da satisfação do dever cumprido, de termos a certeza de que somos amados e queridos por alguém.

Deus é AMOR! Deus ama… o bom e o mau, o justo e o injusto, o bonito e o feio, o orgulhoso e o humilde… ama quem O quer amar ou quem O odeia, porque “Deus é Amor”… não precisa de nós para nos amar… e onde houver amor/caridade, habita Deus, porque sem Deus não há amor.


Amigo/amiga, ainda que ninguém goste de ti, Jesus morreu por todos, também por mim e por ti. ELE, o mais humano de todos os homens, ama-me, ama-te, e a única coisa que nos pede, é que nos humanizes cada vez mais.

Então, homem!… humaniza-te!..

Nós podemos dizer que não conhecemos nem seguimos Deus… mas somos obra e pertença de Deus que nos ama infinitamente tal como somos, crentes ou descrentes, com defeitos e qualidades… mesmo que nós, decididamente, não O queiramos conhecer nem amar! E quem é feliz e dá felicidade, crente ou não, está com Deus e Deus está com ele. Não critiquemos uns aos outros! Aceitemo-nos mutuamente, no AMOR de DEUS!



Publicada no jornal "Notícias de Cambra"