A vivência da espiritualidade é uma busca quase infinita do transcendental. Dentro da espiritualidade consideramos ser de significativa importância a questão concernente à diferença entre a teoria da vida única e a teoria das vidas múltiplas, nas implicações que isso tem.
Importa antes de mais corrigir os termos, para bom entendimento: em vez de “vida única” e “vidas múltiplas”, deverá dizer-se “existência única” e “existências múltiplas”, porque em realidade há para cada indivíduo uma única vida, resuma-se ela a uma só existência corpórea, seja ela constituída por múltiplas existência corpóreas, pois que neste segundo caso a personalidade integral subjetiva e consciente é sempre a mesma, apesar de revestir-se de aspetos objetivos diferentes.
A importância prática resultante da diferença entre estas duas teorias está em que a existência única não explica satisfatoriamente as desigualdades de inteligência, de moralidade, de saúde, de oportunidades, (o que leva a pôr em causa a justiça, a sabedoria e a bondade divinas) ao passo que a teoria das existências múltiplas dá essa explicação com a lei de causa e efeito, lei que tem suporte evangélico e científico.
Sabermos o que significa “o espírito é como o vento: sopra onde quer, ninguém sabe de onde vem nem para onde vai” e “temos de nascer de novo” , não impede o livre-arbítrio, porque nada o impede, mas faz-nos pensar duas vezes antes de agir, na certeza de que o que fizermos nesta existência terá repercussão em nós próprios em existência futura. A sabedoria popular afirma-o com o ditado: “como fizeres, acharás”.
Sendo, portanto, quase infinita a busca do transcendental, que sendo ele próprio o infinito – Deus - não podemos chegar à sua posse, (por isso o “quase”) temos de convir que cem anos que sejam dão para muito pouco, carecendo de lógica o senso de que a beatitude, que é decorrente da aquisição do amor e do total conhecimento das coisas, se obtém com mínimo, ou nulo, esforço.
A. Pinho da Silva
Se lermos com muita atenção, verificaremos que a teoria das “existências múltiplas”, base do Espiritismo, leva a agir com precaução e amor para não ser magoado em existências futuras; a existência única leva a agir com amor em busca da comunhão fraterna e eternidade feliz. O aperfeiçoamento espiritual e humano com uma vida de doação e amor está subjacente a ambas as teorias.
Sejamos sinceros connosco mesmo e com quem connosco convive, dando constante glória a Deus com as nossas vidas agraciadas pelo verdadeiro AMOR, qualquer que seja a nossa teoria! A seu tempo, quem sabe, poderemos entrar em mais pormenores sobre a suma importância destas questões!
H. N
Texto de António Augusto, publicado no Notícias de Cambra