Encanta-me a ideia de estar em casa, mas tenho que admitir que fora da terra se encontram, muitas vezes, comportamentos a que devemos prestar toda a nossa atenção.
Sempre que a vida permite gostamos de estar na Torreira durante as festas do São Paio, onde tudo nos encanta. Mas este ano encantou muito mais, foram momentos inesquecíveis.
Tanta gente como naquela Eucaristia, concelebrada por oito sacerdotes e dois diáconos, no pequeno palco frente à Capelinha do Padroeiro, só mesmo no recinto de Fátima! Representantes das Autarquias e outras Instituições de relevo marcaram presença logo na primeira fila. O enorme grupo formado por elementos de todos os grupos corais da Paróquia entoava os Cantos Litúrgicos com a maior perfeição, entusiasmo, harmonia e beleza!
Na Homilia, o jovem Pároco e presidente da concelebração, enalteceu, ao lado da vida de amor e fortaleza do São Paio, a presença das multidões, ali na Eucaristia, no tão afamado fogo-de-artifício, nas rusgas e regatas, nos conjuntos musicais, nas mais diversas compras feitas naquelas barracas que mais lembram as feiras… pois, dizia ele – “tudo faz parte do programa das festas e com tudo se louva a Deus!”
Chegada a hora de repartir a Comunhão, os Sacerdotes e Ministros distribuíram-se por todo o lado, espalhando afagos e sorrisos.
No final, o Presidente lembrou que a Eucaristia terminava só na Igreja, no final da Procissão, que logo devia começar a organizar-se, tal como o costume, com as entidades a ocupar os lugares determinados, bem assim como os andores e demais elementos.
Lentamente… marinheiros, barcos, redes, bandeiras, grupos folclóricos, bastantes andores… e entre eles… mães ou outros familiares e empurrar carrinhos de bebés vestidos não se sabe bem de quê, velhinhos e velhinhas a acompanhar netos “anjinhos” ou “santos”, tudo com uma imensa delicadeza e paz.
Para cada andor havia uma equipa de pessoas, que se reconhecia pela roupa, toda ela igual.
A ladear a extensa via por onde passava, inúmeras pessoas olhavam a Procissão. A dona de uma barraquinha de doces levantava a corda presa no outro lado da estrada, para que os andores e bandeiras pudessem passar à vontade.
Furei por entre as pessoas, pois quis entrar na Igreja para sentir o delírio final daquela magnífica manifestação de fé! Estava mais que repleta!
Então, o Pároco, visivelmente feliz, agradeceu a presença e o trabalho e dedicação de todos para o sucesso da festa. E terminou, dizendo:
-“As cerimónias em honra do São Paio chegaram ao fim, mas as festas, não! Que continueis, até ao final, a comer e conviver com as vossas famílias, a fazer as vossas compras, a receber os vossos prémios… tal como tiverdes previsto, pois com tudo se louva a Deus! Que o São Paio vos proteja!”
Revi-me em muitas pessoas desta procissão!… Lembrei, por exemplo, a revolta da minha filha quando a vesti de anjo para participar numa procissão parecida! Hoje… não faria isso! Mas… com Deus… nada está mal! Aprende-se a viver, vivendo… e só se cresce na fé praticando actos de fé e sendo acolhido por quem tem o dever de nos instruir na fé.
Quando as pessoas que andam pelas igrejas não se julgarem “tão importantes” e forem capazes de acolher aquelas que poucas vezes lá vão e louvam a Deus das mais diversas maneiras, como sabem ou podem… tudo será bem diferente!
Desculpem os meus desabafos, mas foi deveras surpreendente, não consegui ficar calada!
Hermínia Nadais