domingo, 27 de setembro de 2009

Reconciliação, Tolerância e Paz!


Para que o mundo possa ser mais justo e fraterno não bastam palavras bonitas! É preciso deixar para trás o relacionamento deturpado em que vivemos para entrarmos realmente numa época de tranquilidade, harmonia e paz!
Trocar o ódio pela compreensão e amor é uma tarefa possível se nos dispusermos ao esforço contínuo de nos olharmos interiormente para nos reconhecermos cada vez melhor tal qual somos, com as nossas qualidades e os nossos defeitos reais… pois só na medida em que reconhecermos claramente as nossas capacidades atropeladas por inúmeras imperfeições e fraquezas estamos realmente preparados para compreender, contornar e remediar os comportamentos errados das pessoas que nos rodeiam, principalmente daquelas com quem convivemos mais de perto.
Se nos conhecermos verdadeira e profundamente, sabemos quanto nos é difícil corrigir um defeito… aceitar uma ofensa… obedecer a uma ordem… analisar um problema… ajudar alguém… tomar uma decisão acertada… e, acima de tudo, saberemos também quanto custa, muitas vezes, sermos mal interpretados nas atitudes que tomamos. Se assim procedermos, deixaremos de criticar quem quer que seja e iremos aceitando mais facilmente os erros dos outros, e mesmo os nossos próprios erros… que são sempre os mais difíceis de suportar.
Vivemos num mundo onde se fala muito de amor, mas onde temos que aprender a viver em amor, aprendendo a compreendermo-nos e a amarmo-nos a nós mesmos, tal qual somos, pois se não nos compreendermos e não gostarmos realmente de nós mesmos… não poderemos gostar de mais ninguém.
O amor leva à escuta atenta das nossas necessidades e das necessidades do outro… à compreensão e aceitação das nossas atitudes e das atitudes do outro… e muito concretamente, a uma cuidada, delicada e subtil auto-correcção… e correcção fraterna, assumida com frontalidade… pois falar mal na ausência da pessoa cria distância, não a ajuda a corrigir-se, e ainda lhe piora os comportamentos.
Se formos rígidos e sinceros connosco mesmos veremos quanto é urgente estarmos abertos a uma vida de mudança permanente, em que o hoje seja sempre melhor que o ontem para que o amanhã possa ser sempre melhor do que o hoje. E estaremos preparados para, quando necessário, corrigirmos com humildade, compreensão e carinho, pois só deste modo poderemos melhorar comportamentos.
Uma das mais maravilhosas regras de vida é o positivismo.
Todas as situações que se nos apresentam têm sempre o seu lado bom e o seu lado menos bom… ou mesmo mau, mas se aprendermos a ver sempre em primeiro lugar o lado positivo das pessoas ou dos acontecimentos, aprenderemos a pensar de forma positiva. E tal como o sonho comanda a vida, o pensar positivo leva a que à nossa volta os acontecimentos se tornem realmente benéficos e positivos.
O nosso “EU” e o “EU” dos outros estão muito atentos a tudo quanto nós pensamos! Se pensarmos no bem mais tarde ou mais cedo teremos o bem, mas se pensarmos no mal ele acabará por acontecer.
As nossas palavras, o vento leva-as com muita rapidez, e de qualquer de nós apenas restará o grito silencioso da linguagem da nossa vida! É imperioso cuidarmos bem a sério da nossa vida, dos nossos pensamentos e das nossas acções, pois só da reformulação cuidada dos nossos comportamentos dependerá o vivermos num mundo melhor, onde a tolerância gere a reconciliação e possamos gozar dias de mais paz.

Hermínia Nadais
A publicar no “Notícias de Cambra”

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Presente


Presente! Que “presente”?!...
Depois de um convite para um aniversário, uma festa, uma reunião, um passeio… faz-se tudo para estar “presente”. Na angústia, deve estar-se “presente” para ajudar; na alegria urge estar “presente” para comemorar.
“Presente”é também uma oferta, dádiva, brinde, prenda, algo que se vislumbra muito agradável para quem o recebe e muito querido para quem o dá… algo que demonstra carinho, ternura, dedicação, afeição, amor… oferecer um “presente” é uma forma de manter a ligação com alguém para agradecer, pedir ou muito simplesmente acariciar, dizer que amamos. Deste modo, quando falamos num “presente”, normalmente, lembramos de algo oferecido ou recebido no dia de um aniversário, pelo Natal, pela Páscoa, num qualquer momento importante do ano ou da vida.
Todos gostamos de oferecer um “presente”! E todos gostamos de ser presenteados! E muitas vezes chegamos a ficar tremendamente tristes porque em determinada altura ninguém se lembrou de nos oferecer um “presente”.
A vida distrai-nos, assim, com relativa facilidade. Estar “presente”, falar num “presente”, pensar num “presente”… sentir-se magoado ou magoada pela falta de um “presente”… é uma postura muito corrente entre nós, humanos insaciáveis!...
Ficamos agoniados pela falta de um “presente”, esquecidos de tantos presentes maravilhosos que recebemos diariamente e aos quais não damos a devida importância: o Sol que clareia o dia e convida ao trabalho; a escuridão que lenta e calmamente nos leva a descansar; o brilho das Estrelas e a doçura da Lua que nos inebriam o olhar; a chuva que refresca e faz reviver plantas e animais; o vento que acaricia, fornece energia e ajuda a renovar o ar que respiramos; a água das fontes que nos mata a sede e a das levadas e rios que, correndo velozmente pelas turbinas enche o mundo de força e luz ou deslizando suavemente sobre a terra sacia plantas e animais; a água do mar que, branda ou ferozmente, bate na costa, ameniza a temperatura, refresca a areia da praia, serve de estrada aos mais variados navios; uma infinidade de peixes de toda a espécie, inúmeros animais e plantas, os frescos legumes e hortaliças e os frutos deliciosos que nos alimentam; os carinhos de tantas pessoas com quem convivemos que nos alegram o coração e enlevam a alma; as chatices de muitas outras que, ao obrigarem-nos a pensar um pouco mais profundamente nas nossas atitudes nos ajudam a crescer… são uma inumerável multidão de presentes que ininterruptamente nos mimam e acariciam a vida.
Há ainda um outro “presente”, o último momento da vida que vamos vivendo, aquele momento em que realmente estamos no aqui e agora… pois se o ultrapassamos logo se chama passado e se o buscamos é porque ainda faz parte de um futuro a que poderemos chegar ou não. Este “presente”, elo de ligação entre o passado e o futuro, o único momento que no rodar do tempo nos vai preenchendo a vida, é a melhor das dádivas para cada um de nós.
Aproveitemos o momento presente no amor, na alegria, na paz e fraternidade, pois o passado é história e o futuro não nos pertence.

Hermínia Nadais
A publicar no “Notícias de Cambra”