quinta-feira, 31 de maio de 2012

Partilhas de vida!



“Quem tudo quer… tudo perde!”… Ou talvez não, eu não sei! Nesta ´´época de “crise é natural que as pessoas se aventurem a correr atrás de tudo o que lhes seja mais confortável às carteiras… mas é preciso estar atentos! Por causa destas corridas desenfreadas acontecem coisas tão insólitas que nem dá para imaginar!...
Conforme o habitual, fui ao Pingo Doce fazer as minhas compras na manhã do dia 29 de Abril! E… no dia 1 de Maio fui surpreendida com a notícia de que nas supracitadas lojas havia 50% de desconto nas compras efetuadas nesse mesmo dia.
Fiquei quieta no meu canto, pois faz tempo que decidi não me apressar a essas benesses ocasionais que têm sempre imensas pessoas a precisar muito delas… e muitas mais a aproveitarem-se dessas ocasiões para se encherem de provisões até mais não poderem.
Passados alguns dias, como se compreende, tive que sair à procura de recompor a minha despensa. Quando me dirigi à carne, em vez das habituais metades ou quartos dei com cordeiros partidos em pedaços com preços diferentes para cada parte específica, sendo que a parte mais barata estava um ou dois cêntimos mais cara do que o todo de há poucos dias atrás. Não gostei mesmo nada do que vi, mas como ia para comprar, comprei!
Depois do pagamento efetuado àquele preço que me pareceu deveras exorbitante fiquei boquiaberta quando, na caixa, me apresentaram um cartaz de promoções do final de semana onde o cordeiro se encontrava a 50% do custo.
Indignada, saí dali, certa de que cada comerciante pode fazer muitas coisas para bem dos seus clientes… e não sei o que se passou nesse final de semana porque não precisei de mais compras.
Na semana seguinte, a televisão informou que nessa dita superfície haveria novas promoções de fim-de-semana, já a partir de 5ª feira. E porque não tinha provisões para o “Cozido à Portuguesa” que meu filho escolheu para festejar em família, no sábado, o seu aniversário, dirigi-me mais uma vez ao sítio habitual para comprar o necessário para a ementa. E lá estavam os citados 50% de desconto até dez quilos de carne a quem levasse um certo montante noutras compras! Mas… não encontrei a carne que desejava... e foi mais uma desolação!...
Por coerência, achei que devia comprar tudo o que precisava na mesma loja!... Então, perante o pasmo das funcionárias habituadas a ver o meu carro cheio… saí com ele vazio para ir abastecer-me na concorrência… e elas, a olhar-me, sem nada me poderem fazer!...
Mas, agora, acho que até foi muito bom?!... Preços melhores e piores, como noutro sítio qualquer… carnes cortadas de formas diferentes… pessoas amorosas que já não via há largo tempo!… E comprei o chouriço vermelho de que tanto gosto e o chocolate branco para satisfazer o gosto apurado de um dos meus netos!…
Confesso que nunca gostei de andar de lado para lado, aos saltinhos, na busca dos preços mais baixos e das minhas conveniências pessoais… mas vou fazê-lo agora!
Onde eu entrar… é onde eu pago! E para matar saudades das maravilhosas pessoas que sempre me têm acolhido por onde tenho passado… nada melhor do que uma mudança constante de ambiente… que… a meu ver… diga-se… até faz muito bem!...

 In "Notícias de Cambra"

terça-feira, 22 de maio de 2012

PERPLEXIDADE!



Vagueando por aí numa viagem de recreio encontrei um grupo de homens que me sacaram dois dedos de conversa e me deixaram apreensiva!...
A implicância começou pelo facto de, aposentada, estar a tirar dinheiro ao Governo; agravou-se quando confidenciei ter pertencido à Função Pública como Professora; e tornou-se ainda maior quando minha irmã se atreveu a dizer que também tinha prestado serviço numa Câmara Municipal.
Bastante desconfortáveis… lembrámos os possíveis distúrbios das exageradas reformas auferidas pelos encarregados das Funções Governativas e outras, algumas muito dubiamente antecipadas!
Cheios de razões… culparam afincadamente a infinidade inumerável das pequenas aposentações que, elas sim, todas juntas, davam cabo dos cofres do País.
Uma despedida cordial pôs fim às discrepâncias sem solução à vista, e cada qual seguiu o seu caminho! Mas a perplexidade foi tanta que, já fez bastante tempo… e ainda não consegui digerir muito bem a ignominiosa passagem.
Os sujeitos eram auto caravanistas nortenhos. Ao deixarem escapar nas entrelinhas a sua portentosa posição de “sabidos” Funcionários Públicos, satisfeitos, talvez, por sonharem também com alguma choruda receita, fizeram-me ver que os seus excelentes “egos” se sobrepunham aos demais! Para eles, e outros que tais, deve haver funcionários de 1ª, de 2ª, de 3ª e não sei mais de quantas… e os melhores serão sempre os que tiverem “jeito de se ajeitarem”, sem pensarem nos demais, e todos os que se lhes opuserem serão sempre uma porcaria. E o Zé Povinho, que manteve o País a funcionar com ordenados de miséria e pesados impostos, agora, no final da vida, talvez, quem sabe, se o destruí-los todos de uma vez não seria o melhor para não levarem tudo à falência!...
E são homens como estes a quem o Povo Português tem de entregar os destinos de Portugal!... Claro que, com toda a certeza, andarão por lá muitos assim! Depois, que queremos que nos aconteça?
Mas… que porcaria de educação recebemos nós e demos aos nossos filhos para vivermos no meio de comportamentos destes? Por onde andarão os nossos valores humanos, o nosso amor ao trabalho, a nossa sinceridade e bons costumes?
Sinceramente, não sei! Precisamos de governantes equilibrados, conscientes e responsáveis, mas o povo também tem de colaborar! E colabora… mas… só parte do povo, ou seja, colaboram os grandes que forem “maluquinhos” e o zé povinho a quem a miséria vai batendo à porta e que, aos poucos vai “morrendo” à mingua com vergonha de se queixar, enquanto uns outros quantos, habilidosos e desavergonhados, vão enchendo os bolsos e gritando aos quatro ventos que o País está em crise!...
A crise não está no País, está na cabeça de algumas pessoas que não se contentam com o que devem, e fazem tudo para angariar só para si o que faz falta aos demais. Se todos olhassem para o lado e cuidassem de minimizar a miséria alheia… não haveria crise nenhuma! Ao cafés, os restaurantes e os grandes centros comerciais estão sempre cheios; os tempos de férias ou fins de semana prolongados dão viagens aos aviões e recheiam os hotéis; os campos de futebol continuam apinhados de gente; inúmeros e desnecessários carros continuam a rodar pelas estradas; mais do que nunca jovens, adultos e idosos se juntam para viver e conviver… isto é um nunca mais acabar!...
Devo ser muito pateta, pois há coisas que, por mais que me esforce, nunca consigo compreender. Valha-nos… o bom senso, a decência e moralidade!

In "Notícias de Cambra"

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O RESSUSCITADO!




Todos os homens, indefinidamente, têm uma vida interior que pode ser mais ou menos profunda, e essa espiritualidade torna-se visível nas atitudes que vão tomando. Tal como os frutos identificam a seiva que corre na árvore que os produz, são as ações humanas que identificam o interior de quem as pratica.
Jesus Cristo diz-se o Ressuscitado porque, depois de morrer nos provou que continua eternamente vivo. Se todos pensarmos que a vida não acaba aqui e que no outro mundo seremos sempre a continuação do que formos neste, começaremos a ter atitudes mais humanas e coerentes. Jesus Cristo une-nos misticamente a todos, em qualquer dimensão da vida. Por isso podemos pensar nos que já partiram e sabê-los presentes junto de nós, o que é muito bom pois pode alterar a nossa espiritualidade.
Há duas épocas distintas durante o ano para revermos e rejuvenescermos a nossa espiritualidade. Vivemos atualmente uma dessas épocas, iniciada com o Tempo Quaresmal em que nos foi dado olhar mais a sério para tudo quanto fomos, somos e temos, seguida do Tempo Pascal em que, depois de meditarmos na Paixão e Morte de Jesus e celebrarmos a Sua Ressurreição, nos é recomendada uma permanente mudança de vida, uma ressurreição permanente.
Mas, não há ressurreição sem morte! O tipo de morte que nos é proposto muito simplesmente é tentar acabar com tudo quanto seja entrave a sermos o que devemos neste mundo onde fomos colocados para seguirmos em frente rumo à eternidade, e onde cada pessoa tem o seu espaço próprio para realizar livremente a sua caminhada! E mediante a liberdade que lhe é dada, a fraqueza humana de que é dotada e as tentações a que está sujeita, a maior das aventuras que lhe é apresentada, sem sombra de dúvida, é a de descobrir os verdadeiros caminhos a percorrer.  
O individualismo e o egoísmo impregnaram a sociedade onde cada um pensa mais em si do que no outro. Sabemos que é muito natural e até salutar termos amor próprio, pois quem se não ama a si mesmo não consegue amar a mais ninguém! Contudo, urge definir quando esse tipo de amor ultrapassa os limites do aceitável, pois o gostarmos de nós mesmos não pode, de forma alguma, ferir os interesses das pessoas que nos circundam. Temos de ter consciência de que todos temos defeitos e qualidades. Os cristãos têm de ter muito cuidado, pois quanto a individualismos e egoísmos, muitos deles não são o melhor exemplo! Agarrados a conceitos e pré-conceitos de que a “salvação” lhes está assegurada, julgam-se os melhores, o que nem sempre acontece. Há muitas pessoas que não são cristãs nem assumem qualquer religião e têm comportamentos exemplares. Nós, que nos dizemos cristãos, temos que fazer tudo para seguir bem de perto o nosso Mestre Jesus Cristo, pois se O não seguirmos como convém nunca poderemos dizer-nos cristãos a sério. E para podermos ser bons cristãos temos que, pelo menos, tentar ser pessoas autênticas e capazes.
A “salvação” não está reservada a ninguém em especial, mas a todos os homens em geral. E os cristãos, católicos ou outros, deviam, mas normalmente são pouco ou nada melhores do que as outras pessoas, esquecidos de que têm uma responsabilidade acrescida perante toda a Sociedade indefinidamente: a de serem testemunhas visíveis de Jesus Cristo, porque não é o que diz ser cristão que o é na realidade, mas o que dá testemunho de Cristo vivendo segundo as Suas atitudes e tornando-se cada vez mais transparência DESSE Ressuscitado que veio ao mundo para nos ensinar a viver numa constante ressurreição. Que ELE nos ajude!

In "Notícias de Cambra"