domingo, 28 de março de 2010

Páscoa, felicidade e amor!


Estamos nos últimos dias que nos separam da vivência de mais uma Páscoa, festa universal que nos levará a todos, como o termo indica, a alguma passagem, que se de mais não for, será de alguns dias um tanto diferentes dos demais.
A festa da Páscoa, que data dos tempos mais remotos, é universal, muito embora vivida por cada povo bem à sua maneira.
Neste cantinho do mundo, nós, portugueses, que nos orgulhamos de ser um País de índole cristã acentuadamente católica, o como vivemos a Páscoa é um ponto a considerar. Longe vai o tempo dos longos sermões e sentimentais vias-sacras a preencher os domingos da Quaresma, e da Semana Santa cheia de representações com pessoas magoadas até ao choro, seguidas de domingos de Páscoa acordados pelo alegre repicar dos sinos com a Cruz levada em júbilo pelas ruas de visitas às habitações onde a miudagem se alegrava até ao fundo do coração com uma pequena fatia de pão-de-ló e algumas amêndoas que o Padre docemente lhe deitava nas mãos… e coma visita dos padrinhos que esperava ansiosa lhes adoçasse um pouco mais a boca com a oferta de mais algumas amêndoas.
O saudosismo abala muita gente que se amofina porque agora tudo está diferente, mas temos que convir que muitas dessas vivências eram puramente ritualistas, e quanto a lágrimas, não eram só de pena do sofrimento de Jesus mas também de pavor pelo castigo que iriam receber de Deus pelos desvarios cometidos. E foi neste tipo de educação cristã que a maior parte dos mais que cinquentões viventes cresceram.
Não quero que isto possa ser visto como crítica, que não é, pois pretendo apenas recordar o que foi a nossa realidade… realidade que teremos de ver como berço dos nossos filhos e netos para não nos revoltarmos tanto com a realidade dos nossos dias.
A maior parte dos nossos pais e avós não sabiam ler nem tinham quaisquer estudos, não tinham jornais, rádio, televisão nem internet e os transportes eram escassos, situações desfavoráveis ao conhecimento de outras culturas e desbravamento de outros horizontes, pelo que se mantiveram sempre debruçados sobre si mesmos.
A maior abertura ao estudo aliada à implementação da comunicação social e meios de transportes parece-nos ter colocado o mundo do avesso, mas não. O mundo é belo e bom, e a massa humana não está tão mal como parece, nós é que temos o péssimo hábito de ver primeiro o que está mal e acabamos por ver só o mal.
Se nesta Páscoa que atravessamos passarmos a ver primeiro o bem, descobriremos em nós e nas pessoas que nos rodeiam coisas muito boas e o mundo parecer-nos-á muito melhor.
Vivemos na busca constante da felicidade, uma utopia nesta etapa da vida que de felicidade nunca nos dará mais do que alguns momentos, que serão tanto maiores e melhores quanto mais, esquecidos de nós mesmos, nos dedicarmos a compreender, aceitar e conviver com quem nos rodeia com muito amor, carinho e dedicação.
Para todos, montanhas de felicidade numa Páscoa de amor!

Hermínia Nadais
A publicar no Notícias de Cambra

segunda-feira, 8 de março de 2010

Incoerências, não!...


Eclodindo dos germes da vida os seres humanos vão crescendo numa busca constante de todos os cuidados a fim de se tornarem capazes e saudáveis. Contudo, os maiores cuidados a ter não se prendem com questões corporais específicas visivelmente palpáveis, mas com curas a efectuar pelas próprias pessoas, no mais íntimo de si mesmas, naquele lugar sagrado a que chamamos coração, onde se encontra a verdadeira raiz de todo o nosso viver e donde brota toda a infelicidade ou felicidade no rumo da nossa vida
Não temos dúvidas de que o bem e o mal, a que fomos presos desde o primeiro momento, caminharão connosco lado a lado, por onde quer que andemos, de mãos dadas. Não há notícia de alguém que tenha necessitado de qualquer esforço para praticar o mal… mas temos inúmeros testemunhos de coragem e persistência na luta pela prática do bem, pelo que temos de convir que o mal é bem mais ágil e astuto do que o bem.
Para que haja um bom desenvolvimento global de cada pessoa urge termos em conta, a par da saúde física e de uma boa preparação psicológica, uma boa formação espiritual e moral, no sentido de que os seres humanos possam ir discernindo gradualmente as boas regras de comportamento pessoal determinantes de um comportamento social mais ou menos aceitável conforme a livre vivência dessas boas regras de vida que cada um tiver interiorizado.
Quando se diz que “a educação começa vinte anos antes da criança nascer” é porque, normalmente, o filho ou filha, são o reflexo da educação dos pais que, sem se aperceberem, lha vão transmitindo das mais diversas formas.
Quanto mais pequeno é o bebé, dada a sua inatividade e capacidades inatas, mais facilidade tem de apreender o que ouve, vê e sente, o que a grande maioria das pessoas continua a desvalorizar e, por isso, há sempre comportamentos menos bons que o pequenino ou pequenina acabam por absorver sofregamente qual esponja seca quando encontra água, o que posteriormente os poderá influenciar a cair, inadvertidamente, em erros comparados com os dos pais.
Não podemos exigir dos outros um comportamento que nós próprios não tivemos ou ainda não temos. Para compreender o comportamento alheio, o melhor é olharmo-nos interiormente de modo a verificar que também nós cometemos erros... e assumir de uma vez por todas, acima de tudo, a nossa falta de coragem de nos reconhecermos errados.
Que os pais vivam como pais… os filhos como filhos… os patrões como patrões… os padres como padres… as freiras como freiras… os empregados como empregados… os amigos como amigos… enfim: o mundo será muito mais humano se cada pessoa se esforçar ao máximo para ser coerente consigo mesma, vivendo cada vez mais de acordo com os princípios que livremente tiver escolhido e assumido… porque isto de parecer… e não ser… é uma mentira de tal tamanho que arrasa completamente tanto a quem a vive como a quem a sofre pelo mal-estar da mentira vivida!
Não sejamos mornos! Especificamente, há o quente… e há o frio! Incoerências… não!

Hermínia Nadais
A Publicar no "Notícias de Cambra"