segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

OS DOIS SENHORES

Cada “Ser Humano”, na sua essência real, é formado por corpo e espírito, os dois senhores que o integram e que, por natureza, são antagónicos entre si. Por este facto, o “Homem” será sempre confrontado com múltiplas escolhas e decisões, pois as preocupações com o “ter” tudo para o corpo e o “ser” tudo no espírito serão uma constante que acabará por comandar todas as acções da sua vida.
É muito bom estarmos convencidos de que, humanamente falando, somos muito limitados, pelo que ninguém poderá servir cabalmente a dois senhores. Por isso, perante estas verdades irrefutáveis, o senhor “ter”… ou o senhor “ser”, urge, em todos os momentos da vida, interiorizarmos qual a escolha a fazer para encontrarmos a verdadeira felicidade com que todos sonhamos!
Se o ser humano pensa no senhor “ter” como o mais importantes para a sua felicidade, na busca permanente de quanto vê e deseja atropelará tudo e todos pela conquista de todas as riquezas para com elas brilhar aos olhos de toda a gente e assemelhar-se à mais alta sociedade que o rodeia. Se pensarmos seriamente em todas as pessoas da alta estirpe que conhecemos… quanto esforço… quantos sacrifícios… e quantas pessoas tiveram de sacrificar para conseguirem os seus sonhos!...
Se o ser humano pensa que o senhor “ser” é o mais importante da sua vida… o esforço para conseguir “ser” também é enorme… é desmedido… talvez maior que o primeiro… pois pode passar por inúmeras críticas e decepções… avanços e recuos… caídas e recaídas… começos e recomeços… e nada dá nas vistas e muito pouca gente nos valoriza… mas não há atropelos a ninguém… há espaço livre para que todos cresçam… são apresentados caminhos aos caídos e dadas as mãos aos cansados para que consigam levantar-se das suas quedas… o que concede uma tamanha paz e serenidade de espírito… que não são pagas por dinheiro nenhum!...
Estamos numa época em que muito se critica… mas muito pouco se constrói… porque na busca desenfreada do ter esquecemos quem está ao nosso lado a precisar de uma palavra amiga, de um gesto carinhoso, de um naco de pão ou de umas meias quentinhas para aquecer os pés.
A vida não é fácil! Mas a vida nunca será fácil, em situação nenhuma! Então, sejamos altruístas, pensemos nos outros mais do que em nós, lancemos fora o desejo de “ter” muitas coisas e procuremos, a todo o custo, ser sinceros, trabalhadores, verdadeiros, confiantes, caridosos, prestativos, amigos…
O ódio, a inveja, a maledicência… andam terrivelmente ligadas ao ter… e nunca nos farão felizes!
Vamos pegar na célebre frase de Santo Agostinho: “Ama e faz o que quiseres!”
Se com este slogan organizarmos toda a nossa vida, seremos, realmente, muito mais felizes e o mundo será bem mais acolhedor!

Hermínia Nadais









A publicar no "Notícias de Cambra"

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

É PRECISO RENASCER

É impossível passar ao lado dos acontecimentos que a caixinha mágica e companheira de muita gente solitária vai trazendo a casa todos os dias; é difícil conviver com tantas revistas e jornais a falar de problemas e crises; e até se torna enfadonha, nos nossos correios electrónicos, a entrada de tantas chamadas de atenção para o que vai mal neste maravilhoso planeta em que fomos colocados para habitar e tornar cada vez mais apetecível aos sentidos.
A cada dia que passa nos vamos esquecendo cada vez mais que somos parte integrante da HUMANIDADE, e que por isso, falar mal dos homens e mulheres, é falar mal de nós mesmos, pois como seres sociais que somos, queiramos ou não, dependemos… e sempre dependeremos uns dos outros. E assim sendo, o mundo só será melhor se nos tornarmos melhores… pois se continuarmos preguiçosos na aprendizagem de bem viver e críticos negativos como somos, continuará tudo sempre na mesma ou ainda pior.
Se lançarmos um ténue olhar sobre a história que conhecemos até aos nossos dias, verificaremos que, numa constante procura de melhores formas de vida, com avanços e recuos, sempre houve permanentes mudanças de atitudes com vencedores e vencidos, e com a aprendizagem conseguida no rodar do tempo, aos pouquinhos, as pessoas começaram a deixar de olhar só para os seus próprios interesses e a pensar mais nas pessoas que lhes são próximas. Se formos bem ao fundo de tudo quanto nos rodeia, veremos claramente que o mundo não está tão mal como poderemos pensar. Com todos os problemas que existem, que são muitos, têm sido dados passos muito consideráveis na dignificação do Homem e da Mulher.
O ditado popular: “criticar é fácil, o difícil é construir,” muito real em tempos idos, na época que atravessamos parece-me que se encontra descabido. Para uma pessoa que quer dignificar a Humanidade é tão difícil criticar como construir, pois a construção ou não construção, na grande maioria dos casos, depende da forma como a crítica for apresentada. É preciso, com a máxima urgência, aprender a ver, compreender e aceitar as boas atitudes das pessoas que nos rodeiam, sejam elas quais forem, e se for preciso criticar, que seja como convém, de forma positiva. No meio de um mar de maldades poderemos encontrar, na mais ínfima boa acção, o modo de podermos dar um merecido elogio que incentive à prática de mais atitudes semelhantes.
Sejamos positivos! Uma pessoa positiva vê sempre em primeiro lugar o lado bom das coisas, e é isso que devemos fazer. Eu acho muito sinceramente que o egoísmo estúpido é cada vez menos frequente, pois a maioria das pessoas que fazem o mal não estão convenientemente inteiradas do que seja praticar o bem. O maior mal do mundo não está nas pessoas más… mas acima de tudo nas pessoas “boas” que se acovardam e não são o exemplo vivo de virtudes que deviam ser. Se o fossem… como o mundo seria diferente!
Mais do que nunca… é urgentíssimo… é preciso renascer para uma forma de estar que conduza o mundo à justiça e paz tão necessária nos nossos dias.

Hermínia Nadais
Publicado no "Notícias de Cambra"

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Eu… enganei-me!...

Persistir no erro não é próprio de gente que se preza… e se eu não reconhecesse os meus erros, sentir-me-ia, realmente, muito mal.
Ler notícias de corrida e partilhar a televisão com lides domésticas, não é muito próprio de quem se quer inteirar um pouco mais a sério do que se vai passando por cá, pois aumenta por demais as probabilidades de nos enganarmos, foi o que me aconteceu. Eu enganei-me mesmo… e ainda bem!...
Penso que não haveria dúvidas para ninguém de que estas eleições iriam dar no que deram, ou seja, ficar tudo na mesma, como vem acontecendo em situações idênticas. O povo português acomoda-se e só muda quando é obrigado, ele lá sabe porquê, estamos em democracia!... Mas eu, sou eu, não sou os outros, e o ter colocado em todos os candidatos o mesmo rótulo foi um dos maiores erros da minha vida! A enormidade de dissimulação, hipocrisia e asneira que se vê na Política pode baralhar qualquer um ou uma…mas há diferenças abismais entre as pessoas… agora… não restam dúvidas!
Por tudo o que foi visto, ouvido, feito e dito, Portugal tem muitos portugueses importantes, que nunca se enganam, auto-suficientes, perfeitos e feridos pelas demais pessoas que vão atropelando as suas indesmentíveis razões… ao lado de muitos outros que, nas linhas e entrelinhas, já sabem descobrir homens que se nos mostram capazes de defender, na realidade, o bem-estar comunitário de Portugal, ou de estar ao lado de quem o defenda!
O dia 23 de Janeiro de 2011, não mais se me varrerá da memória, pelos gestos observados e palavras escutadas que nunca imaginei poderem ser pronunciadas por políticos portugueses frente aos écrans da televisão! Um bem-haja a todos! Sinto-me muito feliz com isso! Portugal é grande!
Eu também defendo que, até ao acto eleitoral, cada um deve, honradamente, apresentar as suas razões, defender as suas causas e mostrar as suas pretensões… mas uma vez conhecida a vontade do povo… há que dar as mãos, um por todos e todos por um, para bem do desenvolvimento socioeconómico e bem-estar das populações.
Há palavras ouvidas que foram algo de sensacional… uma chama de esperança aos portugueses que, ao que parece, começaram a desvendar o caminho que é provável que seja o mais certo… o tempo o dirá.
Espero que as palavras não tenham sido ocas e postas ao vento, mas se transformem na força necessária para o aparecimento de acções concretas, exemplares e sublimes, que dêem razão a tudo o que se viu e ouviu. Para o bem comum, temos, todos, de mudar mentalidades! As pessoas não valem pelos seus patrimónios ou dinheiro, mas pelo cuidar dos interesses alheios tal como dos próprios, pois as que só tratam de si e dos seus amigos, podem viver na grandeza material, mas não têm valor nenhum!
Ordenados e reformas enormes… “tachos” sobrepostos... para quê? Morrem como os outros… e deixam tudo… como os outros… quando, um só “tacho” daria para matar a fome a muitos dos já desprovidos do estritamente necessário e a recorrer às instituições de caridade para matarem a fome. A lei pode estar ao lado de quem ganha dinheiro a mais, mas a moral não está, com toda a certeza!
Na maioria das vezes as pessoas agem sem pensar… mas é tempo de tomarmos consciência das nossas atitudes! O povo português, grande pioneiro em muitas aventuras, continua a ter portugueses que são verdadeiros génios! Se os senhores e senhoras do poder e dos postos chave das instituições tivessem a coragem de abdicar de uma partezinha do dinheiro que recebem por mês, Portugal acabaria com a crise e voltaria a dar ao mundo o melhor dos exemplos! Que acham da ideia?

Hermínia Nadais

Publicada no "Notícias de Cambra!