quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tempo de ser fortes


Época de final de Verão! Praia, campo, digressões variadas, tempos bem vividos no sossego do lar… ou turbulentas aflições no desvairado dia pela busca do necessário para viver “sem vergonhas do mundo”!...
Nesta amálgama humana, há de tudo um pouco. E mesmo presumindo-se que cada qual tenha a sua rota bem definida, a experiência diz que as mais variadas razões nos desviam da rota e que razões há muitas, porque cada qual tem a sua razão. E o ter ou não ter razão é razão suficiente para nos embrenharmos em lutas descabidas e geradoras de muitas discórdias e contendas… o que não agrada nem convém a quem quer que seja.
A razão assenta na verdade, na lealdade, na solidariedade, na clareza e nobreza de atitudes, no colocar-se na situação do outro para o compreender, no doar-se ao outro para o ajudar, no dar as mãos ao outro para aproveitar o melhor dos dois de modo a poderem crescer juntos na construção de uma sociedade mais justa e fraterna pela qual todos somos responsáveis quer queiramos quer não.
Mas ter razão é também confiar e ser fiável. A mentira e hipocrisia não levam a nada. Todavia, normalmente, são as pessoas mais mentirosas e hipócritas as que mais lutam pela defesa das suas razões usando palavras bonitas… muito embora despidas de atitudes dignas e responsáveis. Estejamos atentos! Palavras sem vida soam a oco, a vazio! Fujamos delas! A voz calorosa e meiga do silêncio fala sempre mais alto se a soubermos ouvir.
Muitas vezes dizemos que a vida é complicada, mas se pensarmos um pouco a vida não é complicada, nós é que passamos o escasso tempo que ainda temos para viver a complicar a nossa vida e a dos outros, apregoando as nossas razõezinhas e desprezando as razões dos outros, como crianças mimadas na época de crescimento.
Sejamos crescidos! Na vez de criticar, enalteçamos o melhor! De que vale lembrar uma asneira a quem faz tantas?... Não será mais importante, no meio de tanta asneira, dizer ao outro que ele fez uma boa acção… como incentivo a que muitas outras boas acções possam continuar a ser feitas?... A grandeza de uma pessoa não se mede pelas críticas que faz, mas pelas qualidades que consegue desenvolver em si e descobrir nos outros.
Isto não é utopia! Se estivermos habituados a perseguir o mal só teremos olhos para ver o mal… que paralisa e estagna! Se pelo contrário nos preocuparmos em descobrir e enveredar pelas boas obras e palavras, aprenderemos gradualmente a ver, antes de tudo, o que for bom em nós e nos outros, o que nos levará a uma energia positiva incalculável… a energia que o mundo precisa para sair do marasmo em que se encontra.
Se o positivismo atingisse os ricaços para os levar a descobrir que com menos dinheiro teriam menos preocupações e mais paz… já pensamos alguma vez no paraíso em que este pequeno mundo seria transformado???...
Nesta época que se avizinha, época de discursos, caras e cartazes… procuremos “ser” realmente “pessoas”… atentas, dignas, responsáveis… capazes de ver sem recriminar, ouvir sem replicar, compreender e aceitar sem criticar… de meditar profundamente para se conscientizar… e de aceitar a escolha unindo fortemente as mãos para que Portugal possa seguir em frente… com coesão e fortaleza.

Hermínia Nadais
A publicar no "Notícias de Cambra"