sábado, 25 de julho de 2009

A verdadeira felicidade!


Na vida tudo se movimenta em todos os segundos que passam! Nós somos o que vemos em nós… mas somos também tudo o que ainda não conseguimos ver; somos o que sentimos…mas acima de tudo o que ainda não sabemos sequer que iremos sentir. Quando quisermos olhar-nos, é assim que teremos de nos ver. De contrário, não se justificaria o dizermos que a vida é uma caminhada. A vida só será realmente uma caminhada se tirarmos sempre a maior aprendizagem de todos os momentos do dia a dia, sejam eles como forem, bons ou menos bons… para podermos crescer com as nossas próprias experiências.
É habitual inquietarmo-nos quando algo de muito aborrecido nos acontece, e com certa frequência entramos em situações de desânimo ou mesmo de desespero, o que é um grande mal. A felicidade possível a cada um de nós nunca vem do exterior. Ainda que causada por acontecimentos exteriores, virá sempre bem de dentro de nós mesmos... que só seremos felizes se nos determinarmos a ser felizes… e se nos determinarmos a ser felizes, nada nem ninguém nos poderá causar infelicidade. Poderão, sim, abalar um pouco o nosso comportamento, fazendo-nos sofrer, sem sombra de dúvida, mas quando sofremos conscientes de termos dado à vida, a nós mesmos e aos irmãos, o nosso melhor, o sofrimento será sempre feliz porque advindo da paz profunda proveniente do dever cumprido.
Temos a graça de sermos todos diferentes com a enorme bênção de termos todos ambições e direitos iguais. Nas mesmas situações, agiremos todos de formas diferentes conforme o saber, pensar e sentir de cada um no momento presente, mas o direito e a meta de cada um será sempre a mesma: procurar ser feliz. Não tenhamos ilusões… cada um de nós procura, avidamente, ser feliz. Na nossa diferença, a meta comum é a felicidade. Muitas vezes esquecemos que a nossa maior ou menor felicidade depende sempre da maior ou menor realização pessoal… que a nossa realização pessoal estará sempre directamente relacionada com o nosso desenvolvimento… que o nosso desenvolvimento deriva do nosso crescimento constante a todos os níveis, níveis pessoais e colectivos, pois como seres sociais por excelência temos de estar sempre em relação com as pessoas com quem convivemos. E muito embora conscientes de que a suprema perfeição não existe no ser humano deste mundo, temos de estar convictos de que todo o ser humano deste mundo deve caminhar para a máxima perfeição de que for capaz. Neste contexto, quando alguém nos disser que está muito bem o que fazemos… não é para estacionarmos ali… mas para pisarmos o mesmo trilho no maior aperfeiçoamento das nossas actividades.
Para que o bom não seja inimigo do óptimo… é urgente que, mesmo depois de fazemos tudo mais ou menos perfeito continuemos a aperfeiçoar-nos para chegarmos a ser óptimos, de verdade. O maior inimigo da nossa perfeição e felicidade será sempre quem nos afasta de trabalharmos sempre mais e melhor… até ao último instante da nossa vida!...
Conscientes de que parar é morrer… conservemo-nos vivos… na busca da maior perfeição humana… o verdadeiro caminho da felicidade!

Hermínia Nadais
A Publicar no "Notícias de Cambra"

terça-feira, 14 de julho de 2009

A festa da minha aldeia!


Depois de umas semanas de correria, é chegada a hora. Para os responsáveis pelo evento, a azáfama torna-se maior. O dia de sexta-feira é dedicado aos últimos preparativos. As empresas e comércio locais, que patrocinam a festa, entre músicas bem populares são apresentados à população bem assim como os serviços disponibilizados por cada um à comunidade envolvente.
Como já se vai tornando habitual, o porco no espeto abre a animação da noite. O porco, não, os porcos, que se tornaram curtos para tantos esfomeados! Graças ao bom Deus, pois por aqui ainda vai havendo emprego - não são esfomeados de carne e pão, mas de confraternização, partilha, alegria, animação, encontro, convívio, lazer, súplica, acção de graças, louvor... festa! São esfomeados da festa!
Neste momento da minha caminhada na vida, é assim que vejo as festinhas da pequena mas maravilhosa aldeia que adoptei como minha já lá vão muitos anos!...
Hoje é sábado! A meio da tarde, um atraente grupo de gente jovem e mais idosa, homens e mulheres, correram todas as vielas batendo certeiramente nos bombos afinados. Ao declinar do dia, a Eucaristia Vespertina e Procissão de Velas deram louvor a Deus, honraram os Santos e alimentaram o espírito. A exuberante alegria que fez estoirar os belos foguetes lacrimosos e coloridos deu fim a essas celebrações Litúrgicas.
Agora, à volta do aconchegante e charmoso Santuário da Padroeira, Santa Helena, sob os seus olhares protectores e os amorosos e ternurentos carinhos do Habitante do Sacrário, um espectáculo de luz e cor ilumina a escuridão da longa noite com a música a atroar os ares!
Todos podem divertir-se à vontade! Não há necessidade de acordar cedo, pois as Celebrações Litúrgicas da festa voltam só depois do meio da tarde! A manhã pode ser bem dormida e a refeição bem preparada e melhor saboreada... para mais uma vez se honrar a Padroeira e louvar o Deus vivo... e voltar novamente ao convívio e diversão!
Estas são as belezas da vida! Coisas bem simples, mas são as coisas simples que têm mais valor! O nosso dia a dia é feito de pequenos nadas, e são esses pequenos nadas que nos fazem crescer e ser grandes. E é assim, crescendo, que fazemos crescer o mundo.
Então... cresçamos!...

Hermínia Nadais
A publicar no Notícias de Cambra

segunda-feira, 6 de julho de 2009

No Bairro da Avó Leonor!


É a noite de S. João! Das povoações das redondezas todos os caminhos vão dar ao Porto! Mas ali, no Bairro da Avó Leonor, tal como ela, tudo é muito especial.
Todo o espaço está engalanado, enfeitado com rendilhados coloridos de papel de seda. Dispersas, junto das habitações, estão as tradicionais churrasqueiras, felizes por poderem sentir-se úteis mais uma vez!
Espalhadas pelo chão, aqui e além, as madeiras, recolhidas com carinho, esperam que as labaredas do fogo crepitante as transforme, lentamente, nas brasas prontas para preparar todas as iguarias do jantar, pois, como manda a tradição, não deve usar-se nessa preparação o carvão comercial.
As panelas do caldo verde que as donas de casa preparam com esmero e perfeição estão agora colocadas sobre o fogão, à espera dos últimos retoques de magia... ao lado da batata, a cozer normalmente ou a ser preparada para levar com um murro.
Cheira a pimento, a barriga, a sardinha assada! As mesas estão prontas, com saladas, boroa, vinho, sumos, azeitonas... e, recheado de frutas secas, o saborosíssimo Bolinho de S. João.
As famílias que optam por fazer a refeição em casa abrem as janelas de par em par para se unirem aos que jantam debaixo das varandas ou directamente sob o brilho das estrelas.
As crianças palram, brincam, chutam bolas, vagueiam por ali num saltitar constante... os bebés, esquecidos da hora do sono, regalam-se nos colinhos... os adultos trocam gracejos entre gargalhadas de descanso... os jovens namoram... os idosos, em minoria nestas circunstâncias, são representados pela Avó Leonor que não pára de rodar nem de falar com toda a sua imensa jovialidade, graça, alegria e boa disposição, que enche por si mesma todo aquele paraíso terrestre... de onde ressalta a doce harmonia e alegre confraternização.
Num dos cantinhos do Bairro, os residentes de etnia cigana, de forma mais estridente, dão largas ao seu contentamento com as suas músicas especiais que ecoam por todo o Bairro.
As fogueirinhas, espalhadas pelo espaço, em plena noite, parecem flores trémulas e brilhantes no meio de jardins.
Quando as pessoas se acercam mais umas das outras... preparam a largada de mais um balão... e outro... e mais outro balão... que sobem, sem parar, num bailado melodioso, até perder de vista!
De quando em vez estoira um foguete que deixa transparecer as suas lágrimas de solidão!
E por que não, intrometer-se, com um curto lance de vista, no aconchego vibrante dos ciganinhos? Todos cantam... todos dançam... todos riem! É realmente uma festa!
As horas desaparecem no avanço da noite! Os que podem ou querem deslocam-se um pouco para se deliciarem com o sumptuoso e maravilhoso fogo de artifício chorando desalmadamente as mágoas do presente sobre as águas mansas do Douro, para regressarem de imediato ao prazer incomparável do seu paraíso de sonho... até que, vencidos pela força do cansaço, se aconcheguem na espera do tranquilo amanhecer do dia de S. João!

Hermínia Nadais
Publicada no "Notícias de Cambra"