domingo, 30 de outubro de 2011

Existência(s)


A vivência da espiritualidade é uma busca quase infinita do transcendental. Dentro da espiritualidade consideramos ser de significativa importância a questão concernente à diferença entre a teoria da vida única e a teoria das vidas múltiplas, nas implicações que isso tem.
Importa antes de mais corrigir os termos, para bom entendimento: em vez de “vida única” e “vidas múltiplas”, deverá dizer-se “existência única” e “existências múltiplas”, porque em realidade há para cada indivíduo uma única vida, resuma-se ela a uma só existência corpórea, seja ela constituída por múltiplas existência corpóreas, pois que neste segundo caso a personalidade integral subjetiva e consciente é sempre a mesma, apesar de revestir-se de aspetos objetivos diferentes.
A importância prática resultante da diferença entre estas duas teorias está em que a existência única não explica satisfatoriamente as desigualdades de inteligência, de moralidade, de saúde, de oportunidades, (o que leva a pôr em causa a justiça, a sabedoria e a bondade divinas) ao passo que a teoria das existências múltiplas dá essa explicação com a lei de causa e efeito, lei que tem suporte evangélico e científico.
Sabermos o que significa “o espírito é como o vento: sopra onde quer, ninguém sabe de onde vem nem para onde vai” e “temos de nascer de novo” , não impede o livre-arbítrio, porque nada o impede, mas faz-nos pensar duas vezes antes de agir, na certeza de que o que fizermos nesta existência terá repercussão em nós próprios em existência futura. A sabedoria popular afirma-o com o ditado: “como fizeres, acharás”.
Sendo, portanto, quase infinita a busca do transcendental, que sendo ele próprio o infinito – Deus - não podemos chegar à sua posse, (por isso o “quase”) temos de convir que cem anos que sejam dão para muito pouco, carecendo de lógica o senso de que a beatitude, que é decorrente da aquisição do amor e do total conhecimento das coisas, se obtém  com mínimo, ou nulo, esforço. 


A.   Pinho da Silva


Se lermos com muita atenção, verificaremos que a teoria das “existências múltiplas”, base do Espiritismo, leva a agir com precaução e amor para não ser magoado em existências futuras; a existência única leva a agir com amor em busca da comunhão fraterna e eternidade feliz. O aperfeiçoamento espiritual e humano com uma vida de doação e amor está subjacente a ambas as teorias.
Sejamos sinceros connosco mesmo e com quem connosco convive, dando constante glória a Deus com as nossas vidas agraciadas pelo verdadeiro AMOR, qualquer que seja a nossa teoria! A seu tempo, quem sabe, poderemos entrar em mais pormenores sobre a suma importância destas questões!

H. N

Texto de António Augusto, publicado no Notícias de Cambra

sábado, 22 de outubro de 2011

Crise… sim… mas de valores!...


A cada dia os portugueses vão sendo surpreendidos por novos pacotes de austeridade. Por toda a parte o slogan é sempre mesmo: “Está muito mau!” Deitam-se culpas a uns e outros, mas ninguém assume coisa nenhuma, quando, talvez, todos sejamos um pouquinho culpados!
Desde os mais idosos aos que têm a minha idade, vivemos tempos muito difíceis e cheios de desigualdades sociais. Contudo, havia respeito, tolerância, compreensão, solidariedade e amor. As inumeráveis questiúnculas entre familiares e vizinhos acabavam quando alguém ficava doente ou precisava de alguma coisa, pois partiam-se de imediato as cordas da indiferença e todos, amigos ou “inimigos”, estavam prontos para ajudar.  
Cada família vivia com o que tinha… muito ao contrário dos tempos de hoje em que a grande maioria das famílias estão sobrecarregadas de dívidas! O sonhar TER e PARECER sempre mais leva a que se viva muito acima do que se pode, e, ao menor atropelo, tudo cai por terra.
Essa coisa de retirarem os subsídios de Férias e Natal às pessoas que, no activo ou na situação de reformados/aposentados usufruam mais de 1000 euros mensais, se por um lado nos parece certo uma vez que a quase esmagadora maioria dos portugueses vive com menos de quinhentos euros mensais, há inúmeras famílias com salários acima dos mil euros que vivem com o orçamento tão apertado que os subsídios de Férias e Natal para nada mais têm servido além de reequilibrar as finanças familiares. Para estes… estas medidas vão causar inúmeros e gravíssimos problemas… talvez problemas irreparáveis!...
Perante este cenário, os cortes e restrições salariais vão acabando com a classe média, e a classe pobre, que à primeira vista parece não entrar nesta onda, pela sua vulnerabilidade quanto ao desemprego… não sei que será dela... mas os problemas que se vislumbram tiram o sono e aumentam as pressões arteriais.
E como ficam muitos dos senhores que vão à Comunicação Social pregar a Moral e a Justiça, e até fazem leis para apertar os cintos… dos outros… porque nos seus salários mais que chorudos ninguém toca?!...
Se os supracitados subsídios fossem mesmo retirados a todos “esses e essas” que  ganham muitos mil euros por mês… ai que ia dar um bom jeitinho aos cofres do Estado, lá isso ia! Mas… esses sujeitinhos todos e todas essas sujeitinhas não vão abdicar das chorudas mordomias provindas dos impostos do Zé Povinho… a quem culpam de culpas que não tem… e continua a pagar os efeitos da crise gerada pelos desgovernos dos que trocam o apoio às grandes massas do país pondo-se ao serviço dos grandes senhores das “massas”!
A riqueza não cai do céu… mas também não desaparece da terra! Uns mais que outros, todos nós fomos culpados desta crise. Agora, urge reaprender a viver e a reconquistar valores esquecidos! De nada vale falar contra seja quem for! Interessa, sem indignação e com dignidade, denunciar imoralidades e injustiças, alertar para os perigos, apelar à reflexão, à solidariedade, à partilha, à consciencialização de que o pouco de uns terá de ir ajudar o nada de outros.

Hermínia Nadais
A publicar no "Notícias de Cambra"

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Amigos… são bênçãos incomparáveis!


São vinte e uma horas e cinquenta e minutos, quando eu acabo de viver uma surpresa tão maravilhosa que me deixou de olhos molhados e com o coração mais acelerado. O acontecimento foi simples, como as coisas mais simples da vida! Presa na alegria que me ficou vou falar na imensa ventura de ter BONS AMIGOS, de qualquer idade, sexo ou condição social!
Há inúmeros textos a falar de amigos! Uma pessoa que se preocupe com o bem alheio tem inúmeros amigos, pois todas as pessoas são suas amigas, uma vez que tira todo o bem do bem que recebe e consegue extrair sempre algo de bom de entre o mal com que é, muitas vezes, apedrejado.
Mas… estes… são amigos vulgares daqueles que sempre temos! Eu quero referir outro tipo de amigos, os Amigos do peito, os que se contam pelos dedos: um… dois… três…
São AMIGOS muito restritos, mas que têm tal afeição e identificação connosco que, onde quer que estejam e façam o que fizerem, sabemo-los presentes a querer-nos bem e a pensar na nossa realização pessoal e felicidade! São AMIGOS que partilham alegrias… mas a quem, na grande maioria das vezes, temos de olhar nos olhos e usar toda a nossa perspicácia para descobrir e minimizar os seus desencantos e tristezas, porque não nos querem ver tristes e preocupados.
Um BOM AMIGO ou AMIGA cresce connosco e ajuda-nos a crescer; está presente sem interferir; alegra-se com a nossa alegria e chora com a nossa tristeza; não cobra amizade, é amigo; escuta, para compreender; não critica nem dá conselhos sem uma solicitação plausível; aceita carinhosamente e deixa que as resoluções surjam normalmente; não prende, dá total liberdade; encoraja na adversidade; tenta segurar firmemente e sem magoar os passos mal andados; é sincero e aponta a verdade, ainda que muito doa; a fidelidade leva a não partilhar confidências com nenhuma outra pessoa; ainda que a distância ou outros imprevistos da vida no-lo retirem da vista, sabemos que estaremos sempre guardado no coração...
Não vou conseguir exprimir a felicidade sem par de ter um Bom AMIGO, porque as verdadeiras AMIZADES não podem ser descritas nos textos! São graças tão grandes que nos enchem a vida das doçuras mais inefáveis e provocam sensações tão inebriantes que não conseguimos encontrar palavras nem expressões para descrevê-las!
A amizade não se descreve… vive-se, cultiva-se, aprende-se em todos os momentos da vida! Todos temos necessidade de AMIGOS, por isso, é mais que urgente aprender a “SER AMIGO”!
Eu… talvez ainda não saiba o que é ser boa amiga, mas ando a procurar descobrir. E os meus, escassos, mas maravilhosos amigos, aos pouquinhos, pela forma como vivem, me afagam e aconchegam, vão-me ensinando a “ser” amiga, lentamente, com todo o seu amor, carinho, ternura, paciência, delicadeza, persistência, palavras doces de encorajamento e saber. 
Amigos… são assim… bênçãos incomparáveis, a caminhar connosco pelas calmas planícies ou escarpadas montanhas, na esplendorosa luz do dia, na paz do entardecer ou na mais densa e escura noite!
Obrigada, AMIGOS!

Hermínia Nadais 
A Publicar no "Notícias de Cambra"