quarta-feira, 23 de novembro de 2011

IMPRESSIONANTE!...


Consciente de que a “Eucaristia”, pelas mais variadas razões, é a maior e a mais excelente das orações, gosto muito de encontrar as igrejas cheias, principalmente nas vespertinas de Sábado ou no próprio Domingo!
A escassez de Sacerdotes e a falta de tempo útil dos fiéis leva a que as “Missas de 7º Dia” sejam muitas vezes incluídas nessas Eucaristias Dominicais. E nos dias em que isso acontece aparecem inúmeras pessoas que, na sua esmagadora maioria, não costumam sequer frequentar a igreja! Este seu comportamento deixa-nos perplexos, repletos de porquês e a pensar no que fazer ou dizer a essas pessoas que ainda guardam no coração, pelo menos, alguns reflexos de Fé! Por que irão à igreja nessas ocasiões? Será por saudade da pessoa que partiu… para que os familiares do defunto ou defunta sintam o calor da amizade… para convencer a sociedade da sua conduta cristã… ou para se convencerem a si mesmos de que são cristãos e cristãs a sério? Uma das razões pode ser o pensar que, na eminente partida da qual ninguém pode fugir, tenham também o devido acompanhamento! Pode ser ainda o receio da morte… ou o desejo de que, realmente, seja concedida por Deus a paz e felicidade à alma do amigo ou amiga que se foi!
Talvez um pouco de tudo… ou talvez nada! Não sei! Mas, de qualquer forma, a morte sempre foi e continua a ser a grande promotora dos encontros de vidas! Famílias quase totalmente desligadas encontram-se na hora da despedida dos seus entes queridos! Amigos que mal se cruzam, fazem-se presentes nessas horas!
Tenho um grande amigo e companheiro de trabalho e inquietações que partiu santamente faz quase dois anos! Pouco depois de se ver fatalmente acorrentado pelos cancros que o vitimaram num curtíssimo espaço de tempo, escrevia-me: “Sabe… tenho pensado muito e sinto uma imensa paz! E até queria falar da morte… mas como deve compreender, eu nunca morri!”
Talvez… quem sabe, todos nós, e muito especialmente as muitas pessoas das Missas de 7º dia, sentirão também necessidade de falar da morte… que é tão natural como o nascimento! Mas, falar da morte nos momentos de morte física não é a melhor altura, uma vez que a sensação irremediável de perda não nos deixará pensar correctamente. A morte, não obstante a imensa tortura da saudade, para quem tem Fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, não é o fim, é o começo, o momento da grande libertação, uma passagem para a vida eterna, o princípio de uma nova vida! Mas para que a morte, o momento mais importante da nossa vida, não cause medo e seja, como todos desejamos, um encontro jubiloso com Deus, temos de nos preparar para ela, muito para além da participação nos funerais e Missas de defuntos! Temos de falar na morte, acima de tudo, noutras situações mais convenientes que nos ensinem a viver em fraternidade de modo a nunca fazer aos outros o que não queremos que os outros nos façam, e a viver com toda a garra no mundo onde nascemos, mas, seguindo os passos der Jesus Cristo, com o pensamento na eternidade! Sabemos que a igreja é uma casa onde os filhos de Deus se juntam para fazer comunidade, meditar e rezar e aprender a viver segundo Jesus. Mas a verdadeira Igreja somos todos nós, os baptizados unidos a Jesus Cristo, mas que de pouco valerá sermos baptizados se não vivermos segundo a Fé do nosso Baptismo!
A Igreja é santa porque Deus é Santo, mas encontramos inúmeros defeitos nos homens e nas mulheres que são Igreja e vão à igreja… certos de que fariam muito mais asneiras se lá não fossem. Deus conhece todas as fragilidades e ama cada pessoa como ela é, o importante é que a pessoa queira amar a Deus e se deixe amar por Ele. Aproveitemos a oportunidade da morte de familiares e amigos para começarmos a ir à igreja muito mais vezes! Só frequentando a igreja podemos saber o que lá se passa e sentir o quanto as idas a essas casas de Deus nos ajudam no decorrer da vida.
A Fé é um dom de Deus que temos de agarrar com toda a força de que formos capazes. Que o Espírito Santo nos ajude!
(A publicar no Notícias de Cambra - Rubrica "Espiritualidade")

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

“Canudo… não é sinónimo de sucesso”!


 Há dias esta frase soou nos meus ouvidos, e eu interiorizei-a como um enormíssimo palavrão! Mas acabei por verificar que não é!
Sucesso é sempre um acontecimento bem sucedido, é um êxito. Ora, para conseguirmos o  “Canudo”, ou seja, o Curso de que, com mais ou menos custo, conseguimos o Diploma/Canudo com maior ou menor valorização, é sempre um sinónimo de sucesso, não o podemos negar!
Mas… fora os “Canudos”, poderemos afirmar que vivemos num mundo de “Doutores”?! Talvez! E quem dera que o pudéssemos cada vez mais!
Quando se ouve a expressão “Doutor”, normalmente, estamos a falar nesses “Canudos” conseguidos por aqueles e aquelas que, numa série de anos seguidos ou interpolados, se embrenharam nas inúmeras páginas de livros, algures, nas mais diversas “Faculdades”, na busca do saber organizado e planeado por quem, tal como eles, se credenciou de forma a poder, assim, ser chamado de “Doutor” ou “Doutora”, designação vasta referida a médicos, engenheiros, professores, psicólogos, psiquiatras… um sem número de designações todas ligadas ao estudo especializado e apurado de algo.
O “Doutor” aparece, assim, especializado e apto a dominar uma determinada matéria.
Mas, no meio de tudo isto que muito nos confunde a cabeça, deixamos de parte o “Doutoramento” tirado a partir do quase nada, numa aprendizagem mecanizada, organizada e assente numa cuidada e aturada experiência de vida.
Há dias, ao presenciar uma cena de dois desses “Doutores” que a Universidade da Vida foi formando, fiquei perplexa.
No arranjo de uma casa, havia um montão de telhas para colocar no telhado. Por considerar a tarefa morosa e difícil… fiquei de olho neles!
Pouco tempo depois, ouvi os dois operários rir às gargalhadas, enquanto falavam no “tiro aos pratos”.  E apressei-me a ver do que se passava!
Então, o Leonel, sobre a relva do jardim, atirava com força, uma a uma, as telhas amontoadas… que o Luís, sobre a casa, apanhava com toda a perfeição e esmero. E em poucos minutos, o montão das telhas estava no local exacto, pronto a colocar no telhado!
Então perguntei onde arranjavam tanta força e certeza para não deixarem cair as telhas, ao que entre sorrisos, responderam à uma:
- É fácil, são os nossos exercícios de emagrecimento!
Fiquei um pouco sem palavras, depois do que continuei:
- Pois é! Realmente, sem sombra para dúvidas, cada um, na sua profissão, é “Doutor”!
E retirei-me a pensar que, perante tudo isto, poderemos concluir que, de facto, “Canudo”, quando se consegue, é sempre sinal de sucesso, mas poderá não o ser no desenrolar da vida, daí a expressão: “Canudo… não é sinónimo de sucesso”!
E quanto ao afirmar que vivemos num mundo de “Doutores”, na medida em que cada pessoa em particular e todas em geral tiverem uma boa formação profissional e forem responsáveis na execução dos seus trabalhos… vivemos num mundo de “Doutores”!
Então, como o saber não ocupa lugar, como aprender é uma necessidade do Ser Humano, e como a sociedade precisa tanto de “Canudos” como de “Doutores”… sejamos pródigos em ofertar-lhos!

(A publicar no Notícias de Cambra)

domingo, 13 de novembro de 2011

Época de mudanças!...




As pessoas são naturalmente maldizentes, com tendência de se julgarem importantes e amigas de evidenciar a sua bondade perante os desatinos dos outros. Mas… os dias que correm são tempos de mudança. As nossas atitudes de ontem não podem ser as de hoje… e muito menos poderão ser as de amanhã!...Temos de aprender que as únicas críticas que poderemos fazer com segurança são as feitas a nós mesmos, aos nossos comportamentos errados.
Desculpem-me se, de certo modo, me estou a repetir, mas há coisas que me preocupam por demais. Se conseguíssemos abandonar a cegueira do egoísmo, tudo seria muito deferente! O presente, elo de ligação entre o passado e o futuro, é feito com as nossas vivências de cada dia, em que temos de recordar o passado para aprendermos com ele a melhor forma de nos lançarmos na conquista de um futuro mais risonho.
Há dias recebi um email com alguns escritos de Eça de Queiroz que se adaptam maravilhosamente à época em que vivemos. Isto faz-nos lembrar que a vida social é cíclica! Embora com outras personagens, de tempos a tempos, as crises repetem-se. E para as resolver é preciso que cada um de nós faça tudo quanto for possível para todos sairmos beneficiados.
Nada acontece por acaso! A grande maioria das pessoas tem vivido do prazer e gozo imediatos! Na ânsia desregrada do “ter” têm sido praticadas as mais insuportáveis barbaridades, pois há pessoas que falam de solidariedade mas que foram e são capazes de encher desmedidamente os próprios bolsos sem olharem ao caos que as suas atitudes provocaram e provocam. Depois, como formas de reaver dinheiro… há quem se lembre de entrar nos bolsos dos pobres coitados que sempre sobreviveram dos seus salários trabalhando para o bem-estar da sociedade, sem luvas de ninguém e a pagar os seus impostos. E esses que encheram os bolsos e continuam a encher com a entrada de várias e chorudas tranches mensais com subvenções vitalícias provindas das mais diversas ocupações… sem olhar ao sofrimento alheio… esquecidos de que a crise a que o País chegou proveio, acima de tudo, desses comportamentos!
Os nossos legisladores deveriam apurar que o 13º mês ou acerto dos salários auferidos pelos trabalhadores ao longo do ano, e o subsídio de férias, juntos, nada são em comparação com um pequeno nada das benesses desses tais! Eu não posso acreditar que tenhamos portugueses assim!...
O ser ministro, deputado, presidente ou seja lá o que for, com todo o respeito que merecem, são cargos a ocupar na nomenclatura social que para nada serviriam sem as massas que os elegeram.
Neste tempo de mudança urge mudar mentalidades, urge interiorizar que todos nós, do que ocupa os mais altos cargos até ao simples varredor de ruas, temos de viver para servir, não os nossos próprios interesses… mas os interesses comuns de todos nós! 
“Quem não vive para servir… não serve para viver!” Se todos pensássemos uns nos outros, a justiça social seria evidente e não haveria crise nenhuma, tenho a certeza!