
Consciente de que a “Eucaristia”, pelas mais variadas razões, é a maior e a mais excelente das orações, gosto muito de encontrar as igrejas cheias, principalmente nas vespertinas de Sábado ou no próprio Domingo!
A escassez de Sacerdotes e a falta de tempo útil dos fiéis leva a que as “Missas de 7º Dia” sejam muitas vezes incluídas nessas Eucaristias Dominicais. E nos dias em que isso acontece aparecem inúmeras pessoas que, na sua esmagadora maioria, não costumam sequer frequentar a igreja! Este seu comportamento deixa-nos perplexos, repletos de porquês e a pensar no que fazer ou dizer a essas pessoas que ainda guardam no coração, pelo menos, alguns reflexos de Fé! Por que irão à igreja nessas ocasiões? Será por saudade da pessoa que partiu… para que os familiares do defunto ou defunta sintam o calor da amizade… para convencer a sociedade da sua conduta cristã… ou para se convencerem a si mesmos de que são cristãos e cristãs a sério? Uma das razões pode ser o pensar que, na eminente partida da qual ninguém pode fugir, tenham também o devido acompanhamento! Pode ser ainda o receio da morte… ou o desejo de que, realmente, seja concedida por Deus a paz e felicidade à alma do amigo ou amiga que se foi!
Talvez um pouco de tudo… ou talvez nada! Não sei! Mas, de qualquer forma, a morte sempre foi e continua a ser a grande promotora dos encontros de vidas! Famílias quase totalmente desligadas encontram-se na hora da despedida dos seus entes queridos! Amigos que mal se cruzam, fazem-se presentes nessas horas!
Tenho um grande amigo e companheiro de trabalho e inquietações que partiu santamente faz quase dois anos! Pouco depois de se ver fatalmente acorrentado pelos cancros que o vitimaram num curtíssimo espaço de tempo, escrevia-me: “Sabe… tenho pensado muito e sinto uma imensa paz! E até queria falar da morte… mas como deve compreender, eu nunca morri!”
Talvez… quem sabe, todos nós, e muito especialmente as muitas pessoas das Missas de 7º dia, sentirão também necessidade de falar da morte… que é tão natural como o nascimento! Mas, falar da morte nos momentos de morte física não é a melhor altura, uma vez que a sensação irremediável de perda não nos deixará pensar correctamente. A morte, não obstante a imensa tortura da saudade, para quem tem Fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, não é o fim, é o começo, o momento da grande libertação, uma passagem para a vida eterna, o princípio de uma nova vida! Mas para que a morte, o momento mais importante da nossa vida, não cause medo e seja, como todos desejamos, um encontro jubiloso com Deus, temos de nos preparar para ela, muito para além da participação nos funerais e Missas de defuntos! Temos de falar na morte, acima de tudo, noutras situações mais convenientes que nos ensinem a viver em fraternidade de modo a nunca fazer aos outros o que não queremos que os outros nos façam, e a viver com toda a garra no mundo onde nascemos, mas, seguindo os passos der Jesus Cristo, com o pensamento na eternidade! Sabemos que a igreja é uma casa onde os filhos de Deus se juntam para fazer comunidade, meditar e rezar e aprender a viver segundo Jesus. Mas a verdadeira Igreja somos todos nós, os baptizados unidos a Jesus Cristo, mas que de pouco valerá sermos baptizados se não vivermos segundo a Fé do nosso Baptismo!
A Igreja é santa porque Deus é Santo, mas encontramos inúmeros defeitos nos homens e nas mulheres que são Igreja e vão à igreja… certos de que fariam muito mais asneiras se lá não fossem. Deus conhece todas as fragilidades e ama cada pessoa como ela é, o importante é que a pessoa queira amar a Deus e se deixe amar por Ele. Aproveitemos a oportunidade da morte de familiares e amigos para começarmos a ir à igreja muito mais vezes! Só frequentando a igreja podemos saber o que lá se passa e sentir o quanto as idas a essas casas de Deus nos ajudam no decorrer da vida.
A Fé é um dom de Deus que temos de agarrar com toda a força de que formos capazes. Que o Espírito Santo nos ajude!
(A publicar no Notícias de Cambra - Rubrica "Espiritualidade")
