
Estamos em pleno tempo de Quaresma. Num País que se diz católico, deveria ser um tempo de reflexão e de mudança, que talvez seja para alguns… mas pelo que me ocorre… talvez para muito poucos.
Pela parte que me cabe… em face de tudo quanto a Comunicação Social nos vem fazendo chegar a casa todos os dias… e pelos problemas que me consomem de tempos a tempos e para os quais não vejo grande solução… depois de muito pensar… cheguei à conclusão de que o dinheiro e as riquezas são o maior motivo de quase todas as desavenças sociais e até mesmo familiares.
Tanta ganância… para quê… se tudo deixamos ficar por aqui quando partirmos!... Eu não compreendo… eu não posso compreender… eu não consigo compreender!!!...
Passámos a vida na busca constante de felicidade… e acabámos, a maior parte de nós… a procurá-la nos bens materiais, que é onde ela não existe.
Que adianta ter muitas coisas… muito dinheiro e riqueza… se passámos a vida agarrados ao trabalho e às preocupações de manter e aumentar os proventos… esquecidos de nós mesmos e de quem nos rodeia… ou… o que é pior ainda… a complicar a nossa própria vida e a vida de quem nos rodeia? Não adianta nada… porque os bens materiais só nos são úteis na medida em que nos ajudam a ser felizes e a fazer os outros felizes… tudo o que vai além disto só cria complicação.
O que se está a viver não faz sentido! Por que havemos de ver sempre uma pequena parte da nossa sociedade a tentar enriquecer e esbanjar no gozo permanente de todos os prazeres da mesa, passeios, mordomias… enquanto a esmagadora maioria mal tem para sobreviver… e aos que têm pouco ainda lhes querem tirar o resto?!... Eu não compreendo, nem nunca irei compreender!
E não adianta falar mal dos governos… porque os governos portugueses, tal como os governos de todas as outras nações, são o fruto da mentalidade do povo que os elege. E assim sendo, falar mal dos governos é falar mal do povo, ou seja, de nós mesmos… mas cada um sabe como procede… talvez… quem sabe… a grande maioria de nós tenha mesmo razão para se criticar a si mesmo, só que ainda não encontrou sabedoria e coragem para o fazer.
Se nas pequenas coisas da vida diária, algumas pessoas lutam tanto para conseguirem enganar os outros e ficarem com um pouco mais… se essas mesmas pessoas chegassem ao poder aumentariam os salários e reformas chorudas sem se preocuparem com os demais… tenho a certeza!
É este o triste cenário do povo português que temos. Urge mudar mentalidades!
Se queremos que o País cresça… temos que crescer nós mesmos, não só em riqueza material que também é necessária para todos, mas em humanidade e moralidade, justiça e verdade, vontade de trabalhar e de repartir, ou seja, temos de aprender a viver em pleno a fraternidade humana, onde o trabalho e honradez sejam uma constante e o supérfluo de uns seja aproveitado para o bem dos outros de modo a que todos tenham uma vida mais digna e dignificante.
Hermínia Nadais
A publicar no "Notícias de Cambra"