
Um dos maiores desafios do “ser humano” é aproveitar o passado para corrigir o presente e preparar o futuro… mas a correcção precisa de muita atenção aos sinais que estão na origem das mudanças. Estamos a viver os coloridos dias outonais. Quem como eu ainda se encontra ligada à colheita dos frutos, verifica que alguns deles – os mais sujeitos à corrupção imediata - dão origem ao aparecimento de inúmeros mosquitos e moscas que além de dar cabo do corpo desafiam também a paciência.
Recordo que, há bem pouco tempo, com argumentos convincentes, afirmei: “Com pauladas não se apanham moscas!” Hoje… já não posso dizer o mesmo. E não foram os tempos que mudaram… fui eu que mudei a minha forma de ser, ver e agir.
Os pratinhos açucarados e as fitas penduradas para atrair esses insectos perniciosos foram substituídos por uma espécie de varinhas plásticas com uma ponta de rede. E quando os insectos se movimentam na maior liberdade… acertamos-lhe a matar, na ocasião mais oportuna… não com força… mas com muita rapidez e perspicácia.
Há dias… enquanto levava a cabo uma destas minhas minuciosas operações… absorta em pensamentos… pareceu-me descobrir uma certa afinidade entre a destruição das moscas e a autodestruição social.
A verdadeira liberdade só existe dentro de cada um… na medida em que cumpre literalmente todas as suas obrigações no respeito pela integridade e liberdade dos outros. A democracia em que vivemos diz muito claramente que somos todos livres e iguais em direitos e em deveres… uma realidade muito aliciante para o combate às injustiças. Mas… há que admitir o facto de muitos de nós vivermos como as moscas... alheios aos perigos e tentações e aproveitando a liberdade para fazermos o que não podemos e nos metermos onde não devemos! E depois... queixamo-nos de que as coisas correm mal!...
Obrigam-nos a tantas restrições que o pensamento foge-nos inúmeras vezes para o sistema de finanças… das finanças públicas que tanto mexem connosco… e da forma como vamos gerindo as nossas. A esta parte… a democracia tem funcionado muito mal, pois as desigualdades sociais são cada vez mais fantasmagóricas. E grande maioria… ou talvez mesmo a totalidade das pessoas espertas que nos mandam apertar o cinto… estão tão cansadas de se lambuzarem no açúcar farto dos pratos que só mesmo com umas boas e certeiras palmadas os farão cair do cavalo das suas razões egoístas para deixar que o povo trabalhe com gosto e cresça na vida em harmonia e paz.
Ainda não percebi porque é que a maior parte das pessoas que estão nos comandos… seja em que comandos forem… esquecem tão depressa os cuidados que merecem as bases de onde saíram… e que de um ou outro modo as ajudaram a subir aos poleiros!!!…
Que a paciência e desapego alimentem a sensatez… porque ganância, prepotência e incoerência, temos de sobra. Quando a inteligência se ligar ao amor na humildade, bom senso, compreensão, dedicação e espírito de serviço… haverá harmonia, entendimento, justiça social, pão e paz.
Sem ovelhas não há pastores e sem governados não há governantes… mas todos somos precisos! A união faz a força! Mãos à obra!
Hermínia Nadais
A Publicar no "Notícias de Cambra"