
Com o nosso jeitinho de chorões confessos, a maior parte de nós passa a vida a dizer que tudo está muito mal… mas, na realidade, como vai o mundo… não sei! Tudo dependerá do olhar com que o virmos. Se o olharmos com os olhos da maldade, vê-lo-emos tremendamente mau; se usarmos o olhar de quem procura ver só o bem, encontraremos muitas coisas boas; se, contudo, preferirmos encarar a realidade, veremos comportamentos e acontecimentos bons e menos bons e atitudes das mais variadas índoles.
A experiência pessoal e colectiva vai-nos alertando, em cada dia, de que nada poderá ser considerado totalmente mau quando o Homem quer crescer, pois os problemas no ontem resolvidos, no hoje deixarão de ser “problemas” para se virem a denominar de maravilhosas “conquistas”.
Todos desejamos sucessos tranquilos, e está muito certo, pois não podemos ser masoquistas. Mas se observarmos um pouco a nossa maneira de ser e estar, num curto espaço de tempo concluiremos que o bem-estar prolongado, que à partida é muito bom, nos instala no nosso cantinho e nos fecha de tal forma os horizontes que começamos a pensar apenas no prazer imediato com a inevitável sensação de vazio e cansaço interior, pois a felicidade provinda dessa forma será sempre efémera e passageira.
Temos de ter consciência de que os problemas em demasia nos arrasam, mas temos de convir que uma vida sem problemas também não ajuda em nada a nossa realização pessoal. A sabedoria popular diz que uma pessoa sem problemas tem o enorme problema de não ter problema nenhum – porque assim estagna, não cresce.
Os problemas a enfrentar serão tanto maiores quanto menor for a nossa preparação para a vida. Aliás, é a resolução de problemas que nos prepara para a vida, ou melhor dizendo, o desenrolar da vida é uma constante resolução de problemas, pelo que não podemos pedir a não existência de problemas, mas a capacidade para os resolvermos com sucesso.
O mundo é um jardim florido onde o espaço, comida e tecto para todos falha para muitos apenas pela intolerância, avareza e desamor de uns tantos.
É preciso dizer aos ricos que pensem nos pobres, mas urge dizer aos que se dizem pobres que têm de lutar pela vida, que não podem cruzar os braços para continuar a esperar por subsídios… que já são demais. A vida vale pelo que sofrermos por ela. É muito fácil aos que se dizem pobres criticar os ricos, mas a verdade é que o mundo nunca crescerá com parasitas da sociedade… que é o que são muitos dos que se dizem pobres… aliados aos “ricos vadios” que nada produzem e só gastam.
A sociedade tem o dever de olhar muito bem pelos doentes e velhinhos, mas tem de fazer tudo para levantar a moral dos mais desprotegidos, sejam eles ricos ou pobres, aqueles para quem a vida é sempre um drama… a maior parte das vezes… simplesmente… porque nunca tiveram quem os ajudasse a aprender a viver. Que quem de direito… seja generoso na ajuda!
Hermínia Nadais
A publicar no "Notícias de Cambra"