
Finalmente, chegou a hora de recomeçar! Parece que foi ontem, e já lá vão quatro longos meses sem o nosso jornal.
Como na maior parte das vezes em que manuseio as teclas sem nada manuscrito para registar, não sei por onde começar.
Dada a passagem do 25 de Abril, um dos Feriados Nacionais deste pequeno “Jardim à beira mar plantado”, apetece falar de liberdade, responsabilidade, lealdade, solidariedade, harmonia, compreensão, bondade, tranquilidade, partilha, amor, ternura, carinho, verdade, trabalho, pão, humanidade, paz... e prosperidade!...
Depois da Revolução dos Cravos, já muito tinta foi gasta e muita água dos rios se fez mar!... Tanta coisa mudou!... Os saudosistas, dizem que para pior; os amantes da verdade e da assertividade acham que entre espinhos ainda há rosas, o urgente é predispor-se a descobrir o lugar onde elas se escondem e como as utilizar na nossa vida.
O péssimo hábito de destacarmos nos acontecimentos os maus comportamentos, as misérias, as doenças, os acidentes e as crises... faz-nos esquecer que “o sonho comanda a vida” e que temos de sonhar com uma vida boa para conseguirmos ter a vida que sonhamos.
Uma verdade a não esquecer é que são as dificuldades que mais nos fazem crescer pela procura ousada de encontrar o caminho mais adequado para transformar as (des)graças em coisas engraçadas, pois é a melhor forma de sobreviver às intempéries.
A propósito, tenho uma amiga muito especial que tem um enormíssimo carinho por gatos. Trata e aconchega o melhor que pode toda a espécie de gatos abandonados, desde os velhinhos, estropiados e doentes aos recém-nascidos abandonados... mas ao encontrar um cãozinho pequenino... abandonado... também o tratou o melhor que pôde!
Questionada sobre este seu comportamento, respondeu-me com toda a naturalidade que quanto mais profundamente conhece os humanos mais gosta dos animais.
Não contestei, mas também não compreendi o bastante, e comecei a prestar mais atenção às várias mensagens que vagueiam por aí cujos protagonistas são animais... até que uma denominada de “Anjos de Quatro Patas” me elucidou por completo. Resumidamente, diz que “um cão é um anjo de quatro patas que vem ao mundo para ensinar a amar... pois ama incondicionalmente... acarinha, protege e é fiel... não se afasta vinte e quatro horas por dia... quando é repelido volta cabisbaixo a pedir desculpas (ainda que não tenha errado) lambendo as mãos a pedir perdão, aflito... e tudo isto sem pedir nada em troca a não ser o afago para as suas carências mais prementes”. E termina: “Que bom seria que todos os homens pudessem ver a humanidade perfeita de um cão!”
E esta?!...
Ainda bem que não há regras sem excepções... pois se assim não fosse, a bem da verdade, muito boa gente teria vergonha de ser um ser humano.
A publicar no “Notícias de Cambra”
Hermínia Nadais